É ainda de alma embevecida numa densa poeira ébria que
escrevo estas palavras. Não é tarefa fácil traduzir para a escrita toda esta
ressaca proveniente da audição de “Tibetan Monk” do trio parisiense Domadora.
Este disco ascendeu à velocidade da luz até à mais elevada posição do meu
espólio musical. É uma experiência tremendamente arrebatadora que nos faz
velejar pela infinidade da leviandade. O ritmo a que é tocado é deliciosamente
extasiante e atraente. Vai ser fácil surfar universo adentro ao som de uma guitarra
em constante devaneio que, aprisionada a uma hipnotizante espiral, nos exorciza
por completo. Vai ser fácil cerrar as pálpebras e apanhar a melhor boleia
espiritual das nossas vidas ao volante de um baixo revigorante que arfa incansavelmente
pelas estradas do cosmos. Vai ser fácil
testemunhar a dissipação da adrenalina no nosso corpo com uma bateria que pauta
e domestica toda esta emotiva e louca radiação. “Tibetan Monk” é toda uma praia
de prazer, onde a vertente mais viajante do Rock e a sua face mais sombreada se
encontram e correm de mãos dadas numa perfeita orgia de suspiros encantados. Domadora
é uma envolvente odisseia a duas velocidades que nos enfeitiça e resgata a consciência
para os lugares mais recônditos do Universo. Agarrem bem as rédeas deste cometa
e presenciem a aurora da ataraxia.
Depois de nascido este disco, a hegemonia “Earthlessiana” está (ir)remediavelmente ameaçada. Uma enorme vénia a Domadora que provocou em mim todo um carnaval de euforia do qual o meu coração ainda se ressente. Um dos discos da minha vida!
Sem comentários:
Enviar um comentário