Não existem muitas bandas semelhantes
a Om, mas WhiteBuzz é uma delas. Uma hipnótica viagem nas asas de uma voz fantasmagórica
“à la Cisneros”, um baixo possante, visceral e de presença imponente, uma guitarra
bipolar que pende entre a leveza encantada da vertente mais lisérgica da música
e a pesada radiação doomesca, e uma
bateria que nos surpreende com as suas incursões em “contra-mão”, divergindo
com o movimento pendular das nossas cabeças. Uma direccional e hipnótica viagem
que nos submete tão para lá dos céus da crua percepção. “Book of Whyte” converte
a nossa cabeça num dançante turíbulo que serpenteia os solos da infinidade
espacial. O espirito de Sleep também é invocado neste nebuloso ritual. A
lucidez não prospera em “Book of Whyte”. Este álbum ungido em ópio vem propagar
a sua capacidade sonífera pela alma de quem o escuta. Preparem-se para uma
monolítica ode à espiritualidade. Uma verdadeira eucaristia onde a nossa mente se
converte na devota peregrina destes ares religiosos. Percam-se e encontrem-se
no eco de uma voz narcotizada que nos conduz a um admirável mundo novo, onde a alma
é a nossa igreja e o que daí advier: o nosso Deus. Cabisbaixo, olhos cerrados,
e boa imersão no denso oceano da leviandade. É a isto que WhiteBuzz obriga. É
um dos discos mais verticais de sempre. Quem nele comungar converter-se-á num astronauta
sagrado que desbrava os renováveis firmamentos da inconsciência.
┼ AVÉ ┼
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