domingo, 5 de janeiro de 2014

WhiteBuzz: Book of Whyte (2009)

Não existem muitas bandas semelhantes a Om, mas WhiteBuzz é uma delas. Uma hipnótica viagem nas asas de uma voz fantasmagórica “à la Cisneros”, um baixo possante, visceral e de presença imponente, uma guitarra bipolar que pende entre a leveza encantada da vertente mais lisérgica da música e a pesada radiação doomesca, e uma bateria que nos surpreende com as suas incursões em “contra-mão”, divergindo com o movimento pendular das nossas cabeças. Uma direccional e hipnótica viagem que nos submete tão para lá dos céus da crua percepção. “Book of Whyte” converte a nossa cabeça num dançante turíbulo que serpenteia os solos da infinidade espacial. O espirito de Sleep também é invocado neste nebuloso ritual. A lucidez não prospera em “Book of Whyte”. Este álbum ungido em ópio vem propagar a sua capacidade sonífera pela alma de quem o escuta. Preparem-se para uma monolítica ode à espiritualidade. Uma verdadeira eucaristia onde a nossa mente se converte na devota peregrina destes ares religiosos. Percam-se e encontrem-se no eco de uma voz narcotizada que nos conduz a um admirável mundo novo, onde a alma é a nossa igreja e o que daí advier: o nosso Deus. Cabisbaixo, olhos cerrados, e boa imersão no denso oceano da leviandade. É a isto que WhiteBuzz obriga. É um dos discos mais verticais de sempre. Quem nele comungar converter-se-á num astronauta sagrado que desbrava os renováveis firmamentos da inconsciência.


  ┼ AVÉ

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