“Dead Chants and Forbidden Melodies” é um autêntico ritual oxigenado
pelo misticismo. Um disco de atmosfera densamente fantasista e onírica capaz de
nos desarmar a consciência e projectá-la tão para lá das fronteiras do Universo
acordado. Sintam a sagrada erosão das vossas almas aquando exposta a esta
liturgia xamânica. Percam-se nos emaranhados de uma guitarra profética e bocejante que - mutuamente - se
dissipa e comprime tanto em solos efémeros e hipnóticos, como em riffs
monolíticos e vigorosos. Delirem com um baixo portentoso e arrastado que se
desmarca com notoriedade. Experienciem a doce comoção de uma bateria
contemplativa que nos aprisiona a um estado profundamente enteogénico. “Dead Chants and Forbidden Melodies” é um
verdadeiro tranquilizante que nos fascina ao longo dos seus quase setenta
minutos de duração. Degustem esta vertiginosa mistura entre o Space Rock,
Psychedelic Rock, Stoner Rock e o Doom Metal. Uma mistura ainda pulverizada por
cânticos tribais e uma flauta vivaz que se serpenteia pelos nebulosos campos da
pesada radiação instrumental. Sejam testemunhas privadas desta encantada
colisão entre duas ambiências profundamente contrastadas que se abraçam e
unificam. Uma odisseia transcendental e extasiante sem destino ou longevidade conhecidos.
Depois de calado o último tema do disco, sentir-se-ão ainda levitar no vazio intenso
e narcotizado. Será essa a ressaca de quem em “Dead Chants and Forbidden Melodies” comungou.
Longa vénia a estes três sacerdotes
xamânicos oriundos de Roma, Itália. Um dos melhores discos do ano está aqui.
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