quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Sir Richard Bishop - Tangier Sessions (2015)


O melhor tratamento que um instrumento pode ter depois de ser adquirido é ser tocado. E foi justamente isso que Sir Richard Bishop fez após ter sido irreversivelmente seduzido por uma guitarra acústica numa pequena loja de instrumentos musicais em Genebra, Suíça. Fascinado pelo desconhecimento da sua idade e história, depressa tratou de alimentar a biografia daquela guitarra com o profundo e hipnótico “Tangier Sessions” dedilhado em solo Marroquino. É um disco bastante comovente e sedutor que nos aprisiona do primeiro ao derradeiro tema. As virtuosas mãos de Sir Richard Bishop divagam de forma deslumbrante pelo infinito corpo da sua guitarra cigana. Da petrificante relação entre as suas mãos e as cordas da guitarra, é libertada toda uma profusão étnica que nos eleva com ela pela vastidão do deserto. De “Tangier Sessions” é desprendida uma inebriante, perfumada e quente brisa que nos abraça e apazigua. Uma reconfortante odisseia de pálpebras cerradas e alma cedida aos ventos serpenteantes, oriundos da mirabolante dança da palheta de Sir Richard Bishop. É a epifania dedilhada. Um disco absorvente e hipnótico que nos sussurra histórias de inenarrável beleza. Comunguem esta poeirenta e solarenga ressonância emanada pelas cordas de uma guitarra profética e sublime que encontrara, agora, duas mãos capazes de extrair o que de melhor ela encerra.

Não me conformo com a efemeridade deste disco. Por mim, estes acordes sagrados estender-se-iam pela eternidade fora. “Tangier Sessions” desmaiou em mim de forma intratável. É um dos discos do ano, um dos discos da minha vida

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