domingo, 28 de junho de 2015

Seventies Groove vol.9 : Dark - "Round the Edges" (1972)

Inglaterra, 1972. Depois de conhecida a singular banda The Wicked Lady, convertera-me instantaneamente num absoluto admirador e seguidor do seu guitarrista/vocalista Martin Weaver, que mais tarde acabaria por ingressar na banda Dark. Foi assim que esbarrei em Dark e testemunhei todas as inolvidáveis consequências inerentes a esta colisão. Esta obra-prima do Heavy-Psych Rock, com elementos jazzísticos e discretas invocações ao Blues e Rock Progressivo à mistura, simboliza uma das mais imediatas e apoteóticas referências da música Rock dos anos 70. Recordo-me de ter mergulhado num profundo estado de deslumbramento assim que ouvi “Round the Edges” pela primeira vez. Baseado em riffs electrizantes e vigorosos - bronzeados pelo intoxicante e nebuloso efeito fuzz – este disco encerra uma alma imensamente viandante e transcendente. A sonoridade de “Round the Edges” é bastante contagiante e de fácil fascinação. Pendulando entre a rispidez dos riffs e os solos contemplativos e hipnóticos criadores de uma atmosfera idílica, “Round the Edges” é uma verdadeira passarela onde o êxtase se envaidece com distinção. As duas guitarras perdem-se e encontram-se por entre a obscuridade sónica por elas criada, numa performance monstruosa de onde se avolumam riffs fibróticos e florescem solos gritantes e emancipadores que dispersam pela infinidade sensorial de quem os testemunha. O baixo tremendamente groove’sco e hipnótico – de respiração pesada - passeia-se com audível autoridade pelas desordenadas estradas por onde as guitarras se exaltam. A bateria galopante, de incursões deliciosamente ritmadas e imaginativas, domestica a sonoridade de “Round the Edges” com inesgotável fulgor. Destaco, ainda, a sedosa voz que – em perfeita comunhão com o instrumental - sobrevoa toda esta radiante erupção de prazer. Este é um dos discos mais cativantes que conheço. Um dos grandes discos da minha vida ao qual dedicarei intemporal admiração.

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