Inglaterra, 1972. Depois de conhecida
a singular banda The Wicked Lady, convertera-me
instantaneamente num absoluto admirador e seguidor do seu guitarrista/vocalista
Martin Weaver, que mais tarde acabaria
por ingressar na banda Dark. Foi
assim que esbarrei em Dark e testemunhei
todas as inolvidáveis consequências inerentes a esta colisão. Esta obra-prima
do Heavy-Psych Rock, com elementos jazzísticos e discretas invocações ao
Blues e Rock Progressivo à mistura, simboliza uma das mais imediatas e
apoteóticas referências da música Rock dos anos 70. Recordo-me de ter
mergulhado num profundo estado de deslumbramento assim que ouvi “Round the
Edges” pela primeira vez. Baseado em riffs
electrizantes e vigorosos - bronzeados pelo intoxicante e nebuloso efeito fuzz – este disco encerra uma alma imensamente
viandante e transcendente. A sonoridade de “Round the Edges” é bastante contagiante
e de fácil fascinação. Pendulando entre a rispidez dos riffs e os solos contemplativos e hipnóticos criadores de uma
atmosfera idílica, “Round the Edges” é uma verdadeira passarela onde o êxtase se
envaidece com distinção. As duas guitarras perdem-se e encontram-se por entre a
obscuridade sónica por elas criada, numa performance monstruosa de onde se avolumam
riffs fibróticos e florescem solos
gritantes e emancipadores que dispersam pela infinidade sensorial de quem os
testemunha. O baixo tremendamente groove’sco
e hipnótico – de respiração pesada - passeia-se com audível autoridade pelas
desordenadas estradas por onde as guitarras se exaltam. A bateria galopante, de
incursões deliciosamente ritmadas e imaginativas, domestica a sonoridade de “Round
the Edges” com inesgotável fulgor. Destaco, ainda, a sedosa voz que – em perfeita
comunhão com o instrumental - sobrevoa toda esta radiante erupção de prazer.
Este é um dos discos mais cativantes que conheço. Um dos grandes discos da
minha vida ao qual dedicarei intemporal admiração.
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