Existe uma cidade localizada a sul do estado da Califórnia (EUA) que
oferece uma qualidade de vida singular ao Psychedelic Rock. Falo de San
Diego, é claro, e da mística que lhe é intrínseca. Essa cidade vigiada de
perto pelo oceano Pacífico tem testemunhado enormes referências musicais darem
à sua costa e por ali subsistirem com vistoso resplendor. Falo de casos como Earthless,
Astra, Psicomagia, Harsh Toke, Joy e Sacri Monti,
que têm feito de San Diego, uma cidade detentora de algo muito especial.
Todos estes exemplos são sublimes recomendações para quem ambiciona vivenciar
uma inolvidável experiência tão para lá da gravidade consciencial. Curiosamente
todas estas bandas têm sido pescadas pela emblemática Tee Pee Records, a
gravadora sediada em Nova Iorque.
Na iminência de assistirem ao lançamento oficial do
seu primeiro disco de longa duração (agendado para o dia 24 de Julho), Sacri
Monti é um nome a não esquecer. Formados em 2012, este quinteto
Californiano conta com a presença do baixista de Radio Moscow (Anthony
Meier) e o baterista de Joy (Thomas Dibenedetto) na sua formação.
Enviaram-me muito recentemente o seu tão ansiado disco homónimo e, antes de me
alongar na descrição da ressaca que este me causara, devo adiantar que se trata
de um álbum soberbo. Fundado pelo Hard-Psych Rock setentista, “Sacri Monti” traz ainda consigo a inebriante fragância
do KrautRock. Este quinteto electrizante de instrumentos exorcizados é
uma excitante injecção de adrenalina que nos catapulta a um paralisante estado
de euforia. São 42 minutos de intensa radiação psicotrópica que erode e desmaia
os nossos sentidos. Descomponham-se com as alucinantes ofensivas de duas
guitarras que se enlaçam e desatam numa hipnótica e emancipadora orgia, de onde
entusiasmantes e violentas erupções de solos são ejaculados. Comungar as
divagações supersónicas destas duas guitarras endoidecidas proporciona-nos uma
vertiginosa odisseia de onde a nossa consciência não sai ilesa. Saboreiem as
aprazíveis linhas de um baixo imensamente dançante que se envaidece com
deslumbrante distinção ao longo de todo o disco. Sintam as batidas do vosso
coração descoordenar-se com as entusiásticas e dinâmicas incursões de uma
bateria embriagada que nos obriga a uma exuberante reacção comportamental, e
divaguem ao som de um sintetizador isotérico que sobrevoa com vaidade todo este
caos de satisfação. Para lá de todo este carnaval sensitivo causado pela revolta instrumental, passeia uma voz narcotizada que se sobrepõe na perfeição. Este disco representa uma nebulosa e lisérgica comoção que
se agiganta na alma dos bem-aventurados apóstolos que ousem enfrentá-lo. 2015
fica um ano musicalmente obeso (onde a qualidade e quantidade caminham de mãos dadas) depois de libertado este indomável cometa
chamado “Sacri Monti”. Deixem que ele entre em rota de colisão com a vossa alma e sejam testemunhas privadas de um extasiante apocalipse de prazer que vos cicatrizará a memória para todo o sempre.
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