Que disco! Descendentes da
sonoridade endurecida e fibrótica dos 70’s, estes quatro austríacos praticam um
vigoroso, vistoso e torneado Heavy Psych com
elementos Doom’escos capaz de
atropelar as batimentos cardíacos de quem os escuta. “Evoke” é uma distinta
homenagem ao que de melhor foi forjado na noite sessentista e madrugada setentista
(musicalmente falando). Conseguem imaginar uma colisão entre Cream e Black Sabbath? Se sim, chegaram aos entorpecedores domínios de Pastor. Este quarteto natural da
capital austríaca presenteia-nos com riffs
verdadeiramente obscuros e maciços que apadrinham solos berrantes e
inflamáveis. “Evoke” é um disco de atmosfera intensamente densa e nebulosa que
nos envolve e sombreia a alma numa crescente e lúgubre radiação. Idolatrem as duas
guitarras de luciféricas danças Sabbath'eanas que mutuamente se adensam e diminuem,
aceleram e travam, cintilam e ofuscam num só grito orgásmico. Estremeçam ao som
de um baixo sombrio e vigoroso que sobrecarrega a alma do riff com as suas linhas de pesada pulsação. Excitem-se com as enérgicas
e eufóricas ofensivas de uma bateria indomesticável que imprime uma contagiante
dose de adrenalina na esfera de “Evoke”. Delirem com os vocais asfixiantes, destemperados
e pálidos – por vezes a fazer lembrar os de Ozzy Osbourne - que provocam em nós
prazerosos arrepios. Confesso ter sentido amor à primeira audição pelas enigmáticas
amarras de Pastor. “Evoke” representa a extasiante analogia entre a intensidade
e a agitação. Sintam esta pujante avalanche decibélica dar à costa da vossa
consciência e arrastá-la consigo pelo oceano da leviandade adentro. Um dos
registos mais massivos do ano está aqui.
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