Windhand é hoje
considerada uma das mais respeitadas bandas do panorama Doom Metal. O seu curriculum
vitae apresenta um aperfeiçoamento notável de disco para disco e este “Grief’s
Infernal Flower” parece simbolizar o apogeu da banda americana. Recordo-me de
testemunhar a aparição do seu self titled
na primavera de 2012 e ter ficado impressionado com a sua sonoridade corpulenta
e cáustica. Em 2013 vi-me forçado a comprar o “Soma”, e agora deparo-me com
este seu mais recente registo produzido em Seattle pelo emblemático Jack Endino (Nirvana, High on Fire,
Soundgarden, Mudhoney,…) e lançado pela Relapse
Records, que certamente figurará entre os melhores discos do ano. “Grief’s
Infernal Flower” foi um dos discos mais aguardados do ano pelos seguidores da
banda e do género (e eu encaixo-me nessa colectiva expectativa desassossegada,
é claro). Todos os discos de Windhand descendem das mesmas raízes e este não
foge à regra: Doom Metal musculado, denso
e hipnótico com uma vertente Heavy Psych’eana
que lhe confere uma atmosfera nebulosa e petrificante. Este quinteto natural de
Richmond, Virginia (EUA) presenteia-nos com mais de 1h de constante narcose que
nos amortalha e fascina. As duas guitarras abraçam-se, criando riffs massivos, monolíticos, ostensivos
e portentosos capazes de fazer estremecer a crosta terrestre da nossa lucidez;
O baixo inquisidor, de linhas lentas e pesadas passeia-se com distinção pela narcotizante
reverberação de “Grief’s Infernal Flower”; A bateria de passada vagarosa mas
incisiva vivifica todo este cortejo fúnebre, provocando em nós efusivos espasmos
de prazer; A harmoniosa, mélica e espectral voz de Dorthia Cottrell passeia-se
elegantemente acima deste oceano profundo e obscuro onde os restantes
instrumentos se exorcizam numa visceral emancipação. Não é fácil despertar
deste torpor causado pela audição de “Grief’s Infernal Flower”. É um disco de
atmosfera intensamente morfínica que nos transvia e estaciona a consciência num
paralisante estado de letargia. De destacar, ainda, o magnífico artwork brilhantemente ilustrado pelo inconfundível
traço de Arik Roper (Earth, Sleep, High on Fire, Sunn O))),…) e que tão bem veste o disco. Inalem este “Grief’s
Infernal Flower” e vivenciem esta estimulante e inolvidável psicose.
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