A impaciente espera terminou! “Greenferno”: o
novo disco do quarteto polaco Belzebong
está aí, e devo antecipar que – em relação aos efeitos psíquicos – não existe
qualquer diferença entre escutar este disco e inalar os ares psicotrópicos da cannabis.
Euforia, sensação de bem-estar, sonolência, sedação, síndrome de ansiedade, (…)
são alguns dos desejados e alcançados sintomas quando respirados os viscosos e fumarentos riffs oriundos do lado mais entorpecido
do Psych Doom. Vizinhos terrenos e
musicais dos incontornáveis Dopelord
e Major Kong, Belzebong tem dedicado
toda a sua existência à adoração do THC (tetraidrocanabinol),
traduzindo o seu misticismo esverdeado para os domínios da música. Com o
recurso a samples cirurgicamente
amputados de horror cult films que –
de forma intensamente fascinante – amortalham os espessos, gigantescos e
nebulosos riffs, “Greenferno”
representa a penetrante e estimulante levitação da nossa consciência rumo ao
paraíso narcótico. As duas guitarras adensam-se numa morfínica dança de
atmosfera incrivelmente anestesiante que nos prende do primeiro ao último
acorde. Os seus riffs lentos, robustos
e sobrecarregados de endorfina são erigidos e conduzidos com imensa destreza e sensibilidade.
O baixo de linhas vagarosas, pesadas e orgânicas implode numa hipnótica oscilação
que nos absorve com tremenda facilidade. A bateria disfere a sua
ofensiva rítmica nas zonas nevrálgicas do riff,
acelerando e expandindo a paralisante exaltação por eles transpirada. Há bem
pouco tempo, tive a honrosa oportunidade de assistir a Belzebong ao vivo no Sonic Blast (edição de 2015), que simbolizou uma perfeita
celebração psicotrópica à qual ninguém se recusou comungar. Regresso deste “Greenferno”
completamente devastado pela ébria radiação que este desprende. Vivenciem este
poderoso soporífero e sintam-se perecer numa tranquilizante desistência pela subsistência
da lucidez. Este é, sem dúvida, um dos grandes discos do ano.
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