domingo, 15 de novembro de 2015

Yawning Man | "Live at Maximum" (2016)

Yawning Man foi durante muito tempo a grande banda da minha vida (talvez ainda o seja). A sua sonoridade cálida e exótica representa tudo o que mais desejo encontrar na música. Os três instrumentos em consonância falam o idioma do deserto, trazendo com eles toda uma brisa anestésica e fascinante que massaja as douradas areias do deserto de Mojave. E é toda essa mística desértica traduzida para o universo musical que fez de Yawning Man a banda que secretamente sempre ambicionei descobrir. Depois de um namoro dedicado e vivido com o seu primeiro disco “Rock Formations”, não consegui evitar comprá-lo em formato físico depois de o encontrar miraculosamente numa banca discográfica em pleno Festival de Rock y Psicodelia de El Castell de Guadalest no inesquecível verão de 2009. Em 2010 a banda natural da Califórnia (EUA) editava o seu segundo álbum “Nomadic Pursuits” e devo confessar que não teve em mim um efeito tão impactante quanto o primeiro (o que abrandou discretamente a até então absoluta admiração pela banda). Ainda assim, continuei profundamente ligado a Yawning Man e foi com entusiasmo que em 2013 vi nascer o seu Split com Fatso Jetson (igualmente uma das incontornáveis bandas da minha vida), e dois anos mais tarde a chegada da tão aguardada confirmação: Yawning Man faziam parte da 2ª edição do festival Reverence Valada, o que provocara em mim um verdadeiro sismo movido pela ansiedade. Mas essa feliz notícia depressa conheceu um final tão triste quanto inesperado: Yawning Man cancelavam a sua tour europeia com a esperançosa promessa de voltarem no próximo ano (o que espero religiosamente que venha a acontecer). 

Há poucas semanas descobri através da página oficial da banda que estava em fase de produção um disco de Yawning Man ao vivo em Itália (Maximum Festival, 2013) e que seria lançado em Fevereiro de 2016 via Go Down Records (à qual agradeço o envio da cópia promocional). Hoje ouvi-o com total devoção e prazer. São 47 minutos do melhor que estes três saguaros são capazes de criar num constante suspiro de inspiração. Gary Arce ao volante da sua guitarra de uivos estarrecedores, lenitivos e sensitivos traz até nós toda uma atmosfera desértica de horizontes borbulhantes onde desmaiam os bocejantes raios solares. Os seus solos macios, penetrantes e contemplativos absorvem-nos com tremenda facilidade, mergulhando-nos numa profunda e fascinante hipnose. Ao seu lado está Mario Lalli que, de baixo empunhado, disfere densas, pulsantes e robustas palmadas nas cordas, destacando-se numa performance previsivelmente activa e dominadora. Atrás deles está Alfredo Hernandez de baquetas empunhadas que nos entusiasma e agita com a sua veia jazzística, oferecendo à sonoridade de Yawning Man toda uma profusão de devaneios criativos que tão bem revestem esta apaixonante ode ao deserto. São três músicos com uma reputação desmedida que tão bem os reveste e aos quais dedico a mais sublime admiração. Foram eles os detonadores que causaram o nascimento de tantas e tantas bandas que hoje reverenciamos. Empoeirem-se no lado mais paisagístico do Desert Rock.

Apesar de ser só lançado oficialmente em Fevereiro de 2016, a Go Down Records já disponibilizou a pré-venda do seu LP (com a oferta de um CD aos primeiros 100 compradores). Apressem-se a adquirir este registo de contornos épicos, não estivéssemos a falar de Yawning Man.   

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