Yawning
Man
foi durante muito tempo a grande banda da minha vida (talvez ainda o seja). A
sua sonoridade cálida e exótica representa tudo o que mais desejo encontrar na
música. Os três instrumentos em consonância falam o idioma do deserto, trazendo
com eles toda uma brisa anestésica e fascinante que massaja as douradas areias
do deserto de Mojave. E é toda essa mística desértica traduzida para o universo
musical que fez de Yawning Man a banda que secretamente sempre ambicionei
descobrir. Depois de um namoro dedicado e vivido com o seu primeiro disco “Rock
Formations”, não consegui evitar comprá-lo em formato físico depois de o
encontrar miraculosamente numa banca discográfica em pleno Festival de Rock y Psicodelia de El Castell de Guadalest no inesquecível
verão de 2009. Em 2010 a banda natural da Califórnia (EUA) editava o seu
segundo álbum “Nomadic Pursuits” e devo confessar que não teve em mim um efeito
tão impactante quanto o primeiro (o que abrandou discretamente a até então
absoluta admiração pela banda). Ainda assim, continuei profundamente ligado a
Yawning Man e foi com entusiasmo que em 2013 vi nascer o seu Split com Fatso
Jetson (igualmente uma das incontornáveis bandas da minha vida), e dois
anos mais tarde a chegada da tão aguardada confirmação: Yawning Man faziam
parte da 2ª edição do festival Reverence
Valada, o que provocara em mim um verdadeiro sismo movido pela ansiedade.
Mas essa feliz notícia depressa conheceu um final tão triste quanto inesperado:
Yawning Man cancelavam a sua tour
europeia com a esperançosa promessa de voltarem no próximo ano (o que espero
religiosamente que venha a acontecer).
Há poucas semanas descobri através
da página oficial da banda que estava em fase de produção um disco de Yawning
Man ao vivo em Itália (Maximum Festival,
2013) e que seria lançado em Fevereiro
de 2016 via Go Down Records (à qual agradeço o envio da cópia promocional).
Hoje ouvi-o com total devoção e prazer. São 47 minutos do melhor que estes três
saguaros são capazes de criar num
constante suspiro de inspiração. Gary
Arce ao volante da sua guitarra de uivos estarrecedores, lenitivos e
sensitivos traz até nós toda uma atmosfera desértica de horizontes borbulhantes
onde desmaiam os bocejantes raios solares. Os seus solos macios, penetrantes e
contemplativos absorvem-nos com tremenda facilidade, mergulhando-nos numa
profunda e fascinante hipnose. Ao seu lado está Mario Lalli que, de baixo empunhado, disfere densas, pulsantes e
robustas palmadas nas cordas, destacando-se numa performance previsivelmente activa
e dominadora. Atrás deles está Alfredo
Hernandez de baquetas empunhadas que nos entusiasma e agita com a sua veia jazzística, oferecendo à sonoridade de
Yawning Man toda uma profusão de devaneios criativos que tão bem revestem esta
apaixonante ode ao deserto. São três músicos com uma reputação desmedida que
tão bem os reveste e aos quais dedico a mais sublime admiração. Foram eles os
detonadores que causaram o nascimento de tantas e tantas bandas que hoje reverenciamos.
Empoeirem-se no lado mais paisagístico do Desert
Rock.
Apesar de ser só lançado
oficialmente em Fevereiro de 2016, a Go Down Records já disponibilizou a pré-venda do seu LP (com a oferta de um CD aos primeiros 100 compradores). Apressem-se
a adquirir este registo de contornos épicos, não estivéssemos a falar de
Yawning Man.
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