Castigar-me-ia se terminasse
o ano de 2015 sem descrever aquela que considero tratar-se a sublime obra-prima
dos suecos Hills: o seu mais recente
álbum “Frid”. Lançado no final do mês de Agosto pelo selo britânico Rocket Recordings, este álbum
encerra uma consagrada procissão onde se ostenta o lado mais étnico e xamânico
do Psych Rock. Esqueçam qualquer que
seja a vossa convicção religiosa, pois “Frid” converter-vos-á em seus
devotos peregrinos. A sua sonoridade intensamente deslumbrante e hipnótica
obriga-nos a vivenciá-la de olhos selados, sorriso golpeado no rosto e a cabeça
entregue a uma constante dança pendular. Este álbum é de resto um dos mais
viajantes e envolventes do ano. Um verdadeiro hino ao prazer que nos seduz do
primeiro ao último tema. Obedeçam a uma guitarra profética que se enfatiza com
os seus solos imersivos e meditativos que nos fecundam e paralisam, a um baixo denso,
pulsante e contemplativo de ritmos serenos e entorpecedores, a uma bateria tribal
e jazzística de soberbas e admiráveis
explorações técnicas, e uma voz espectral e inquisidora de cantos orientais que
se desprende e eleva e destaca nesta profunda e sagrada nebulosidade. Num plano
secundário estão ainda uma flauta de bailado serpenteante e uma cítara de
estimulantes incursões. São cerca de 37 minutos de firme e vivaz encantamento
que nos banha a alma e a convida à doce libertação. Chego ao final deste
verdadeiro ritual completamente embriagado pelo êxtase que este exala. Comunguem
esta mística radiação que nos abranda o corpo e inflama o espirito. Estamos na
presença de um dos discos mais belos e agradáveis do ano.
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