“Making the Scene”
corporiza a combinação perfeita entre o Psych Rock bocejante, o Zamrock
tropical, o Krautrock obscuro, e algumas bafagens Doom'escas.
Formado em 2012 este quarteto mexicano – nativo da cidade fronteiriça de Tijuana
– aponta todo o seu fluxo criativo para a avenida setentista do Zamrock
(estilo nascido na Zâmbia que conjuga o Psych Rock Hendrix’eano com o
entusiástico Funk de James Brown) numa admirável homenagem a este
estilo que fizera África dançar. A sua sonoridade exótica e deslumbrante
obriga-nos a vivenciá-la numa embriagante entrega, testemunhando o
desvanecimento do que mais activo e vigilante subsiste em nós. As duas
guitarras uivantes que falam o idioma do Deserto numa ressonância penetrante e
resplandecente que se traduz em solos borbulhantes e delirantes aliados a
simpáticos e cálidos riffs que nos massajam e bronzeiam a alma. O baixo
oscilante de linhas robustas e sisudas serpenteia com ostentação as tostadas
areias de Dazed Sun Lemonade, a voz lúcida e sólida (a fazer lembrar Mario
Lalli) que de forma autoritária se ostenta irrompendo toda aquela intensa
exalação instrumental, e a bateria jazzística tiquetaqueia pausadamente
o ritmo desta caravana xamânica que se estende de encontro ao abraço solar.
Relaxem ao som contemplativo e alucinogénio destes quatro “peyoteros” e
vivenciem um profundo estado de instrospecção. Este é um dos muitos tesouros de
2015 só desenterrados em 2016. “Making the Scene” é um disco
imensamente impactante que nos respira, ameniza e coloniza com o seu evangelho.
Entreguem-se aos seus religiosos domínios e experienciem uma extasiante
odisseia pela vastidão espiritual.
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