É ainda de alma temulenta e
em vagarosa recuperação que escrevo estas palavras dedicadas a “Mumble”,
o disco de estreia do power-trio Old Indian. Natural de Frederick, Meryland (EUA) esta banda
causara em mim uma autêntica exaltação que me estremecera do primeiro ao último
tema. A sua sonoridade é composta por uma alucinante mistura de géneros de onde
sobressaem o intratável Heavy Psych
fervoroso e impetuoso, o poeirento Blues
transpirado de elegância e requinte, e o enérgico, carismático e dançante Surf Rock de ares veraneios. Estes três
ingredientes combinados resultam numa prazerosa ebulição que nos incendeia e incita
a vivenciar “Mumble” com desmesurada extravagância. Endoideçam ao som irrepreensível
de uma guitarra indomável que se transcende com os seus solos entusiásticos, eletrizantes
e orgiásticos, amortalhados pelas linhas vigorosas, pulsantes e hipnóticas de
um baixo vigilante em constante ondulação. Sintam a galopante, frenética e
explosiva bateria rivalizar com os vossos batimentos cardíacos numa entusiástica
ostentação, e a rebelde e insípida (no sentido elogioso da palavra) voz que tão
bem se dissolve na medula instrumental. “Mumble” representa o genuíno prazer
na sua forma musical que nos contagia sem qualquer moderação. É demasiado fácil
namorar este disco e deixar que a sua alma se perca na nossa. Lançado no início
do passado ano de 2015, “Mumble” é parte substancial do que de
melhor fora criado nesse corpo temporal (musicalmente falando). Não fosse o
triste facto de apenas me ter cruzado com ele já em 2016, e faria – certamente –
parte da lista já publicada dos melhores álbuns de 2015. Delirem com estes inolvidáveis
33 minutos de “Mumble” que nos obrigam a revisita-los vezes e vezes sem
conta. Um disco inteiramente feito à minha imagem.
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