Melhor prelúdio era
impossível. Esta jovem banda sueca de instrumentos conduzidos para o
estimulante Neo-Psychedelic embebido
num aromático Blues tem em “Atlantis,
part I” o soberbo aperitivo que servirá de suporte ao segundo álbum "Atlantis" ainda
situado no ventre deste quarteto natural da cidade de Estocolmo. Confesso ter
ficado instantaneamente embalsamado pela atraente e fecundante harmónica que à
boleia das quentes e anestésicas brisas assume total protagonismo na abertura
do único tema que dá corpo e alma a este EP. A sua sonoridade imensamente
contemplativa constrói deslumbrantes paralelismos visuais que nos adornam ao
longo de toda esta narrativa dedilhada de forma sublime e emotiva. É
humanamente impossível não vivenciar este “Atlantis, part I” num harmonioso
balancear corporal que nos desprende a consciência pelo imenso oceano da nossa
espiritualidade. A guitarra enternecedora de solos tremendamente embriagantes e
hipnóticos tem em nós um efeito indescritivelmente prazeroso que nos envenena e
paralisa. O baixo de ondulação densamente meditativa envaidece-se vagarosamente
num apaixonante e entorpecedor abraço que amortalha todos os restantes
instrumentos. A voz glamorosa e carismática passeia-se livremente pela
atmosfera sonolenta de “Atlantis, part I”, enquanto que a bateria
de manifestações dinâmicas e tranquilizantes tempera todo este bocejo orgásmico.
Comunguem este sagrado trago músical de ressaca duradoura e inesquecível. Deixem
o vosso semblante inanimado tombar sobre o vosso peito e testemunhem uma das mais
pesadas hipnoses causadas pela música. Depois disto, Snowy Dunes provocara-me uma constante salivação que só estagnará
com o tão ansiado nascimento do seu segundo álbum.
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