Da grande, populosa e agitada
cidade de São Paulo (Brasil) chega-nos o carismático e poeirento Delta-Blues do power-duo Mescalines. Com
o seu disco de estreia “Mescalines” – acabado de ser
lançado pelo selo brasileiro
InstrumenTown – este dueto de alma impregnada no calejado e revivalista Blues oriundo das margens do rio
Mississippi (Tennessee) tem tudo para ecoar pelas extremidades do nosso planeta
e consequencialmente amontoar os mais sinceros e sublimes elogios. A sua
sonoridade quente, crua, penetrante e torneada tem em nós um efeito
profundamente tranquilizante que nos enleva e seduz. A guitarra uivante é
dedilhada com arrepiante, hipnotizante e estarrecedora sensibilidade obrigando
o nosso corpo a serpenteá-la com sagrada devoção. A bateria tribalista cavalga com
destreza e entusiasmo todo este harmonioso misticismo. São 40 minutos de
constante bronzeamento que nos entorpece e encanta. Um perfeito deslumbramento
transpirado da sensual consonância entre os dois instrumentos que nos comove e
incita a dançar este “Mescalines” assim como a serpente Naja responde
à flauta indiana. Espreguicem-se neste ensolarado disco de ares Ry Cooder’eanos (com paisagens sonoras
a fazer lembrar o apaixonante filme “Paris,
Texas” (1984) de Wim Wenders) e bamboleiam prazerosamente os oito temas que
o habitam. Deixem os vossos ouvidos salivar ao som de “Mescalines” e sintam a
vossa alma embriagar-se num lúcido desmaio de prazer. Este é um trabalho
soberbo que nos respira e enfeitiça. Um disco que nos aprisiona a um perpétuo e
envolvente anoitecer nas sedosas e bronzeadas areias do deserto. Confesso ter
sinto amor à primeira audição por este álbum de natureza imensamente xamânica.
2016 acaba de ganhar um novo fulgor com o nascimento do Blues morfínico de Mescalines.
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