Domo é
sem dúvida uma das minhas bandas favoritas pertencentes ao panorama Heavy Psych europeu. Conheci este então
power-trio (agora sobem aos palcos
como quarteto) espanhol em 2011 e na primavera desse mesmo ano decidi fazer-me
à estrada em direcção ao norte de Espanha para vivenciá-lo ao vivo (review aqui). Passados cinco anos
esse concerto permanece bem lúcido na minha memória, preservando o intemporal
título de um dos grandes concertos da minha vida. O seu Heavy Psych imensamente entusiástico e fascinante, condimentado e
massajado pelo hipnótico e viajante Space
Rock, tem o dom de nos estimular a uma vertiginosa e admirável odisseia
pelas autoestradas verticais do Cosmos narcotizado. ‘Domo’ é o disco de
estreia que encerra toda a sua essência estelar distribuída pelos sete temas que o
habitam. Lançada pela primeira vez no verão de 2010 de forma independente em
formato de CD, esta preciosidade espanhola conheceu no verão de 2011 o seu
relançamento – também em formato de CD – através do selo discográfico RadiX Records, e mais recentemente – em
Dezembro de 2014 – ‘Domo’ é finalmente lançado em vinil pela mão do selo italiano Phonophera Records. A sua sonoridade equilibra-se entre a exaltação
e a inércia, numa mistura tremendamente deslumbrante que nos captura e incita à
espantosa e libertadora ignição da nossa consciência num dilúvio que se expande
pelos firmamentos da vastidão celestial. Este é um disco apontado aos astros. Um
disco repleto de poeira estelar que nos entorpece e extasia. Sintam-se divagar
pela apaziguante ondulação do oceano cósmico ao som de uma guitarra endeusada
que vomita solos intensamente fecundantes, lascivos e delirantes que nos serpenteiam e exorcizam,
e se engrandece em riffs densos,
torneados e intoxicantes que nos sacodem e enlevam. Soltem a cabeça na excitante
resposta a uma bateria acrobática e faiscante que se emociona e intensifica nas
suas velozes e estimulantes cavalgadas, e flutuem de olhar cerrado quando
confrontados com as suas apaziguantes, contemplativas e morfínicas digressões
pelo universo tantalizante de ‘Domo’. Atentem os nebulosos e
hipnóticos vocais que galopam o instrumental e oscilem com o pulsante, robusto
e dinâmico som de um baixo murmurante que, de forma verdadeiramente aliciante, se
esperneia harmoniosamente pelas embriagantes brisas que sobrevoam este álbum de
natureza indiscutivelmente sublime. Salivem com esta encantadora e terapêutica digressão
da vossa alma pelas profundezas cósmicas e no final sintam-se regressar a vocês
mesmos num progressivo banho de lucidez.
No último fim de semana de
Abril os Domo subirão ao palco do
festival português Sound Bay Fest e
prometem converter todos os presentes em destemidos astronautas numa das mais inesquecíveis expedições das suas vidas.
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