segunda-feira, 21 de março de 2016

Review: ⚡ Domo - 'Domo' (2011/2014) ⚡

Domo é sem dúvida uma das minhas bandas favoritas pertencentes ao panorama Heavy Psych europeu. Conheci este então power-trio (agora sobem aos palcos como quarteto) espanhol em 2011 e na primavera desse mesmo ano decidi fazer-me à estrada em direcção ao norte de Espanha para vivenciá-lo ao vivo (review aqui). Passados cinco anos esse concerto permanece bem lúcido na minha memória, preservando o intemporal título de um dos grandes concertos da minha vida. O seu Heavy Psych imensamente entusiástico e fascinante, condimentado e massajado pelo hipnótico e viajante Space Rock, tem o dom de nos estimular a uma vertiginosa e admirável odisseia pelas autoestradas verticais do Cosmos narcotizado. ‘Domo’ é o disco de estreia que encerra toda a sua essência estelar distribuída pelos sete temas que o habitam. Lançada pela primeira vez no verão de 2010 de forma independente em formato de CD, esta preciosidade espanhola conheceu no verão de 2011 o seu relançamento – também em formato de CD – através do selo discográfico RadiX Records, e mais recentemente – em Dezembro de 2014 – ‘Domo’ é finalmente lançado em vinil pela mão do selo italiano Phonophera Records. A sua sonoridade equilibra-se entre a exaltação e a inércia, numa mistura tremendamente deslumbrante que nos captura e incita à espantosa e libertadora ignição da nossa consciência num dilúvio que se expande pelos firmamentos da vastidão celestial. Este é um disco apontado aos astros. Um disco repleto de poeira estelar que nos entorpece e extasia. Sintam-se divagar pela apaziguante ondulação do oceano cósmico ao som de uma guitarra endeusada que vomita solos intensamente fecundantes, lascivos e delirantes que nos serpenteiam e exorcizam, e se engrandece em riffs densos, torneados e intoxicantes que nos sacodem e enlevam. Soltem a cabeça na excitante resposta a uma bateria acrobática e faiscante que se emociona e intensifica nas suas velozes e estimulantes cavalgadas, e flutuem de olhar cerrado quando confrontados com as suas apaziguantes, contemplativas e morfínicas digressões pelo universo tantalizante de ‘Domo’. Atentem os nebulosos e hipnóticos vocais que galopam o instrumental e oscilem com o pulsante, robusto e dinâmico som de um baixo murmurante que, de forma verdadeiramente aliciante, se esperneia harmoniosamente pelas embriagantes brisas que sobrevoam este álbum de natureza indiscutivelmente sublime. Salivem com esta encantadora e terapêutica digressão da vossa alma pelas profundezas cósmicas e no final sintam-se regressar a vocês mesmos num progressivo banho de lucidez.

No último fim de semana de Abril os Domo subirão ao palco do festival português Sound Bay Fest e prometem converter todos os presentes em destemidos astronautas numa das mais inesquecíveis expedições das suas vidas.

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