Admito escrever estas
palavras ainda sob o efeito deste poderoso sonífero via auditiva designado ‘II’.
Natural da populosa cidade de Tessalónica
na Grécia, este power-trio Naxatras é
das jovens bandas europeias com maior reconhecimento dentro do panorama underground
da música Rock. E esse crescimento exponencial da sua reputação é algo
demasiado previsível e natural dada a assombrosa qualidade da formação grega. A
sua sonoridade paradisíaca fundamenta-se num Psych Rock imensamente meditativo e hipnótico que nos eteriza com
as suas macias e quentes brisas desérticas. Disponibilizado hoje mesmo no seu bandcamp oficial, este álbum representa
um verdadeiro oásis onde a nossa alma se banha e deleita. Serpenteiem-se pelas
bronzeadas e arenosas dunas de um deserto que se distende pela infinidade adentro
e sintam o bafo solar desmaiar na vossa pele. ‘II’ encerra uma imaculada
epifania que nos canaliza ao íntimo do Éden espiritual. Sintam-se transcender aos
céus da ataraxia alavancados por uma guitarra xamânica que se manifesta relaxadamente
em delirantes e sidéricos solos que nos trespassam e narcotizam, e em exóticos
e resplandecentes riffs que nos massajam
e desgastam a consciência. Baloicem os vossos corpos na instintiva resposta à ondulação
reverberante de um baixo contemplativo de linhas densas, sólidas e viajantes.
Agitem-se prazerosamente ao som de uma bateria jazzística que tempera na perfeição toda a sonoridade de Naxatras com uma sensibilidade imensamente
fascinante. ‘II’ é uma perfeita caravana que se conduz pela vastidão
desértica debaixo de um sol vigilante que nunca se põe. Vivenciem este verdadeiro
sonho lúcido que vos sussurrará uma das narrativas musicais mais apaixonantes
de sempre. Este é um álbum capaz de agradar a gregos e troianos. Deixem que o
psicadelismo pérsico de Naxatras se
dissolva na vossa alma e sintam a sagrada eclosão da vossa consciência erigir
aos mais recônditos e distantes lugares do Cosmos interior. Um dos mais
soberbos registos de 2016 está aqui, na dourada e encantada essência de ‘II’.
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