No início de 2016 elogiei o
álbum de estreia do power-trio polaco
Spaceslug (review aqui), e hoje - motivado pelo lançamento do seu
segundo álbum – sinto-me forçado a repetir o enaltecimento a esta banda enraizada
na cidade de Wrocław. Lançado hoje
mesmo nos formatos de digital e CD, ‘Time Travel Dilemma’ representa a tão
aguardada sequela da fascinante e envolvente odisseia principiada em ‘Lemanis’,
que nos arremessa a consciência aos mais longínquos, sombrios e recônditos lugares
do Cosmos bocejante. O seu intenso, possante e corrosivo Psych Doom – temperado e domesticado pelas lisérgicas,
tranquilizantes e absorventes poeiras estelares do Space Rock – provoca em nós uma poderosa e resistente sensação de entorpecimento
que nos amortalha do primeiro ao derradeiro tema de ‘Time Travel Dilemma’.
São 44 minutos vividos numa constante e fumarenta ressonância psicotrópica que
nos afaga, hipnotiza e deslumbra com tremenda vivacidade. Deixem-se seduzir ao
xamânico som de uma guitarra liderante que se manifesta tanto em enérgicos,
tirânicos, montanhosos e torneados riffs
que se agigantam e em nós colidem com impetuosidade, como em inebriantes,
contemplativos e enternecedores solos capazes de nos atestar de um absoluto êxtase.
Oscilem os vossos corpos inanimados na instintiva resposta à reverberante,
robusta e torneada ondulação de um baixo tirânico e sublime. Exaltem-se com a redentora
explosividade disparada por uma bateria entregue a uma veemente e provocante cavalgada
que nos esporeia e euforiza, perfumem-se no brumoso encantamento de um
sintetizador que ausculta as estrelas, e adormeçam ao som da voz espectral que
ecoa ao longo da narcotizante atmosfera de Spaceslug.
De destacar ainda a carismática presença vocal de Sander Haagmans (baixista de Sungrazer)
no tema de encerramento, e o fantástico artwork da autoria do talentoso ilustrador polaco Maciej Kamuda. Este é um álbum
que nos catapulta de encontro aos mais gélidos e solitários astros da
infinidade espacial. Entrem em órbita de ‘Time Travel Dilemma’ e testemunhem
uma das mais estéticas correspondências entre a opulência, delicadeza e
ritmicidade.
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