Do Leste Europeu chega-nos o
esplêndido álbum de estreia do power-trio
polaco Tortuga. Gravado em Janeiro e
lançado em formato digital no passado dia 11 de Março (com planos futuros de um
lançamento em formato físico de CD), este álbum homónimo da banda sediada na
cidade de Poznan fundamenta-se num possante,
morfínico, obscuro e intrigante Psych
Doom de mãos dadas com um hipnótico, sidérico, envolvente e contemplativo Space Rock que nos abraça, massaja e
arremessa na direcção das estrelas. A sua sonoridade sombria, delirante, nebulosa
e enigmática tem em nós um poderoso e duradouro efeito embriagante que nos cerra
as pálpebras, tomba o rosto de encontro ao peito e impulsiona a nossa
consciência pelos vertiginosos firmamentos de um Cosmos cor de noite. Empoeirem-se na
reverberação estelar de ‘Tortuga’ ao inflamante som de uma
guitarra xamânica que comanda toda esta intensa e deslumbrante odisseia
espacial ao volante de riffs temulentos,
montanhosos, robustos e magnetizantes e solos lisérgicos, etéreos e extasiantes.
Sintam-se estremecer ao inquisidor som de um prepotente e atemorizante baixo
que ruge pesadas, sombreadas e oscilantes linhas, balanceiem-se à redentora e
estimulante boleia de uma bateria movida a perícia e emoção, e vivenciem um
pleno estádio de doce letargia promovida pelos vocais ecoantes, translúcidos, celestiais
e penetrantes que despertam e desmaiam no epicentro desta intensa e narcótica
comoção. São 42 minutos saturados de uma euforia amordaçada pela sedação que
nos amortalha numa ininterrupta sensação de bem-estar. Dissolvam-se na
anestésica radiação de ‘Tortuga’ e vivenciem um dos álbuns
mais prazerosos de 2017.
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