Cachemira é hoje – muito possivelmente – a minha banda preferida da vizinha Espanha.
Formado das cinzas de Prisma Circus e da aparente reforma
temporária de bandas como 1886 e Brain Pyramid,
este apurado e euforizante power-trio enraizado na cidade de Barcelona conquistara-me
no primeiro encontro. Foi lotado das mais elevadas expectativas que os vi subir
ao palco na passada edição do festival Sonic Blast Moledo (review aqui)
e a sua prestação ao vivo deixou-me totalmente estarrecido, fascinado e em constante
salivação pelo lançamento do seu tão aguardado álbum de estreia. ‘Jungla’ é
a designação deste portentoso disco que na próxima semana será oficialmente
lançado pelo selo discográfico romano Heavy Psych Sounds nos
formatos físicos de CD e vinil, e nele vigora um elegante, entusiástico e
ardente Heavy Psych N’ Blues recuperado dos dourados e
carismáticos 70’s. A sua sonoridade verdadeiramente extravagante, hipnótica e
galopante – que se passeia equilibradamente pela ténue linha entre a doce e
envolvente contemplação e a inflamante e contagiante excitação – tem o dom de
nos amotinar numa intensa comoção de prazer que nos comove e endoidece ao longo
dos 33 minutos que incorporam este requintadíssimo ‘Jungla’.
Deixem-se conduzir à estonteante boleia de uma guitarra sublime e absorvente
que se serpenteia envaidecidamente em voluptuosos, exóticos e intrigantes riffs e
se transcende em eróticos, estonteantes e furiosos solos, uma voz corpulenta,
escarpada e destemperada que contrasta na perfeição com o primor instrumental,
um baixo dançante e reverberante de linhas magnéticas, sólidas, robustas e
torneadas que veleja livremente os majestosos mares de Cachemira, e
ainda uma bateria verdadeiramente aliciante que com as suas incríveis e
mirabolantes acrobacias – regadas a perícia e emoção – esporeia toda esta
desvairada e exuberante cavalgada. O irrepreensível, preclaro e adorável artwork foi
minuciosa e superiormente elaborado pelo Smoke Signals Studio.
Estamos na presença de um álbum verdadeiramente agradável, esmerado e delirante
que provocará na alma do ouvinte uma intensa e demorada ressaca espiritual.
Ofusquem-se na extasiante e resplandecente sublimidade de ‘Jungla’ e
vivenciem um dos mais deslumbrantes discos lançados em 2017.
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