Conheci Elder no já longínquo ano de 2011 mas está ainda bem viva na minha
memória toda a assombração que se abatera em mim assim que absorvera a sua poderosa
sonoridade. O álbum de estreia ‘Elder’ e o posterior ‘Dead
Roots Stirring’ foram os registos mais rodados durante esse período da minha
vida e a admiração, petrificação e entusiasmo sentidos por eles crescia a cada
audição que lhes dedicava. Em 2015 lançavam ‘Lore’, um álbum norteado
por uma veia progressiva, melódica e
de composição mais rica que os anteriores, mas que ainda assim – confesso – não
me conquistara. Sou um apreciador incondicional da rudeza exalada nos primeiros
dois álbuns onde o Psych Doom é dono
e senhor de toda a ambiência sonora que os governa. Até que hoje – depois de ver
engordar toda a minha expectativa em relação ao nascimento do novo álbum desta
banda norte-americana – tive a enorme satisfação de comungar ‘Reflections
of a Floating World’ na íntegra e consequentemente saciar este
crescente desejo.
Com o seu lançamento oficial
agendado para o próximo dia 2 de Junho pelos selos discográficos Stickman Records (em solo europeu) e Armageddon (em solo americano) nos
formatos físicos de CD e vinil, este novo álbum prende um soberano, dinâmico, intenso
e vibrante Psych Doom conduzido por um
serpenteante, magnetizante e sedutor Prog
Rock e amenizado por um sublime, envolvente, hipnótico e encantador Psych Rock que se desenvolve, envaidece
e enfatiza em longas passagens etéreas, delirantes e contemplativas capazes de nos
submergir num profundo oceano de êxtase. E talvez sejam mesmo estas delongadas,
ataráxicas e deslumbrantes paisagens sonoras brilhantemente tricotadas pelo Psych Rock que me faz posicionar este ‘Reflections
of a Floating World’ num patamar mais elevado em relação ao seu
antecessor ‘Lore’. Este novo álbum representa também o acelerado amadurecimento
do seu novo rumo sonoro (posto em prática no álbum anterior) e o acréscimo de um
segundo guitarrista que vem consolidar a sonoridade deste agora quarteto natural
da cidade de Boston (Massachusetts, EUA). O extravagante e excepcional guitarrista Nick DiSalvo continua a demonstrar um admirável e hipnótico controle
da guitarra ao amuralhar majestosos, fascinantes e empolgantes riffs e
desprender toda uma histeria superiormente controlada na criação de alucinantes,
eróticos e inimagináveis solos que nos dilaceram a lucidez e revoltam numa enérgica e desgovernada comoção de adrenalina. A voz gritante, insípida e penetrante combina na
perfeição com o instrumental robusto e condimentado. O baixo fibrótico e
reverberante de linhas tonificantes, carregadas e pulsantes mareia com audível
influência toda esta opulenta e exuberante cavalgada. A bateria explosiva e
retumbante lapida e apimenta todos os momentos de ‘Reflections of a Floating World’
com a sua redentora e entusiasmante potência. Num plano secundário residem ainda
um adorável teclado de prazerosos e preclaros bailados e uma outra guitarra que
segura firmemente as rédeas dos acordes enquanto que a guitarra liderante de Nick agarra todo o protagonismo e se transcende numa vertiginosa e
delirante erupção. Este é um álbum detentor de uma distinta beleza que nos
prende a ele ao longo dos seus 63 minutos de duração. Mal posso esperar por
ver Elder subir ao palco do festival português SonicBlast Moledo no próximo mês de
Agosto e presenciar pela primeira vez uma das mais importantes e carismáticas bandas da minha
vida.
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