quinta-feira, 25 de maio de 2017

Review: ⚡ Elder - 'Reflections of a Floating World' (2017) ⚡

Conheci Elder no já longínquo ano de 2011 mas está ainda bem viva na minha memória toda a assombração que se abatera em mim assim que absorvera a sua poderosa sonoridade. O álbum de estreia ‘Elder’ e o posterior ‘Dead Roots Stirring’ foram os registos mais rodados durante esse período da minha vida e a admiração, petrificação e entusiasmo sentidos por eles crescia a cada audição que lhes dedicava. Em 2015 lançavam ‘Lore’, um álbum norteado por uma veia progressiva, melódica e de composição mais rica que os anteriores, mas que ainda assim – confesso – não me conquistara. Sou um apreciador incondicional da rudeza exalada nos primeiros dois álbuns onde o Psych Doom é dono e senhor de toda a ambiência sonora que os governa. Até que hoje – depois de ver engordar toda a minha expectativa em relação ao nascimento do novo álbum desta banda norte-americana – tive a enorme satisfação de comungar ‘Reflections of a Floating World’ na íntegra e consequentemente saciar este crescente desejo.

Com o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 2 de Junho pelos selos discográficos Stickman Records (em solo europeu) e Armageddon (em solo americano) nos formatos físicos de CD e vinil, este novo álbum prende um soberano, dinâmico, intenso e vibrante Psych Doom conduzido por um serpenteante, magnetizante e sedutor Prog Rock e amenizado por um sublime, envolvente, hipnótico e encantador Psych Rock que se desenvolve, envaidece e enfatiza em longas passagens etéreas, delirantes e contemplativas capazes de nos submergir num profundo oceano de êxtase. E talvez sejam mesmo estas delongadas, ataráxicas e deslumbrantes paisagens sonoras brilhantemente tricotadas pelo Psych Rock que me faz posicionar este ‘Reflections of a Floating World’ num patamar mais elevado em relação ao seu antecessor ‘Lore’. Este novo álbum representa também o acelerado amadurecimento do seu novo rumo sonoro (posto em prática no álbum anterior) e o acréscimo de um segundo guitarrista que vem consolidar a sonoridade deste agora quarteto natural da cidade de Boston (Massachusetts, EUA). O extravagante e excepcional guitarrista Nick DiSalvo continua a demonstrar um admirável e hipnótico controle da guitarra ao amuralhar majestosos, fascinantes e empolgantes riffs e desprender toda uma histeria superiormente controlada na criação de alucinantes, eróticos e inimagináveis solos que nos dilaceram a lucidez e revoltam numa enérgica e desgovernada comoção de adrenalina. A voz gritante, insípida e penetrante combina na perfeição com o instrumental robusto e condimentado. O baixo fibrótico e reverberante de linhas tonificantes, carregadas e pulsantes mareia com audível influência toda esta opulenta e exuberante cavalgada. A bateria explosiva e retumbante lapida e apimenta todos os momentos de ‘Reflections of a Floating World’ com a sua redentora e entusiasmante potência. Num plano secundário residem ainda um adorável teclado de prazerosos e preclaros bailados e uma outra guitarra que segura firmemente as rédeas dos acordes enquanto que a guitarra liderante de Nick agarra todo o protagonismo e se transcende numa vertiginosa e delirante erupção. Este é um álbum detentor de uma distinta beleza que nos prende a ele ao longo dos seus 63 minutos de duração. Mal posso esperar por ver Elder subir ao palco do festival português SonicBlast Moledo no próximo mês de Agosto e presenciar pela primeira vez uma das mais importantes e carismáticas bandas da minha vida.

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