Da cidade francesa de Clermont-Ferrand chega-nos o enigmático,
fumarento e demoníaco álbum de estreia do power-trio
Witchfinder. Lançado no passado dia
2 de Maio em formato digital e fundamentado num intrigante, obscuro e aterrador
Psych Doom que se enlameia nos viscosos pântanos do corrosivo, áspero e
nebuloso Sludge Metal, este
terrífico (no sentido elogioso da palavra) ‘Witchfinder’ sombreara e
enfeitiçara a minha alma do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade tirânica,
soturna e carregada agiganta-se numa monolítica e poderosa avalanche de funesta
e luciférica reverberação que nos desgasta, arrasa e narcotiza ao longo dos 42
minutos de duração. Este imperioso disco encerra uma essência ritualística que
nos seduz, hipnotiza e converte em seus devotos evangelizadores. É demasiado
fácil tombar o semblante de encontro ao peito, cerrar as pálpebras e nos
deixarmos conduzir pela atmosfera melancólica, desolada e cataclísmica de ‘Witchfinder’
ao profano som de uma guitarra medonha e sombria que se fortifica em riffs robustos, sepulcrais e
depressores, um baixo corpulento de linhas pausadas, pulsantes e opressivas,
uma bateria trovejante de galope pesado e vagaroso, e ainda uma voz sinistra, fantasmagórica
e penetrante que nos enluta e atemoriza. O luxuoso e excepcional artwork é da autoria do virtuoso
ilustrador Maciej Kamuda que
traduzira na perfeição para o universo visual tudo o que a inquisidora sonoridade
deste disco nos segreda. ‘Witchfinder’ é um álbum verdadeiramente
imponente que nos encobre com a sua profunda e intensa escuridão e nos sepulta
num perpétuo e febril estádio de prostração. Este é muito possivelmente o mais
sublime e provocante álbum de Doom
que comungara em 2017 e certamente um dos mais elogiados e condecorados no
final do mesmo. Entreguem-se a esta influente e envolvente cerimónia profana
que vos dominará e encaminhará ao lado eclipsado da existência humana.
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