Da populosa cidade de Milwaukee (Wisconsin, EUA)
chega-nos o fascinante álbum de estreia do recém-formado quinteto Moon Rats batizado de ‘Highway
Lord’. Neste fascinante disco gravado nos remotos bosques do norte de Milwaukee vigora um intrigante, fumarento
e inquisidor Proto Doom aliado a um
hipnótico, lisérgico e deslumbrante Heavy
Psych que nos absorve, turva a lucidez e conduz a consciência a um penetrante
estádio de narcose. A sua sonoridade conjuga a enérgica robustez com a anestésica
inércia num perfeito equilíbrio que nos climatiza, afaga e extasia a alma.
Lançado no passado mês de Junho em formato digital através do seu Bandcamp oficial e em formato de cassete através do selo discográfico local Gloss Records, este ‘Highway
Lord’ conquistara-me à primeira audição que lhe dedicara. A sua entorpecedora,
brumosa e enigmática essência obriga-nos a comungá-la de semblante tombado sobre
o peito, olhar selado e petrificado, corpo desmaiado e alma irrigada e
temperada por uma forte hipnose. Deixem-se sepultar na saturada, etérea e visceral
atmosfera de ‘Highway Lord’ ao som de três guitarras psicotrópicas que se
perdem e encontram por entre inflamantes, brumosos e delirantes solos e se unificam
na construção e orientação de riffs sólidos,
torneados e inquisidores, uma voz penetrante, límpida, morfínica e ecoante – a fazer
lembrar os vocais ácidos de Brett Netson,
vocalista e guitarrista da já extinta banda Caustic Resin – que se debate e enfatiza nos nebulosos, densos e perturbadores
escombros que alicerçam a sonolenta natureza deste álbum, um baixo vigoroso e portentoso
de rugidos sombrios, reverberantes e poderosos, e uma bateria diligente e trovejante
que domestica toda esta pesada cavalgada pelas pardas e lamacentas planícies de
Moon Rats. Este é um álbum místico que
nos respira e magnetiza. Um disco que nos bronzeia e amortalha com a sua religiosa
obscuridade. Deixem-se dissolver na sua melancólica, temulenta e misantrópica radiação
e experienciem um dos álbuns mais depressores (no sentido elogioso da palavra)
de 2017. Um trabalho todo ele feito e moldado à minha imagem que pede um futuro
lançamento nos formatos de CD e LP.
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