The
Black Wizards é hoje uma das referências incontornáveis
dentro do viveiro underground do Rock português e esse estatuto conquistado
é da sua inteira responsabilidade. Depois do auspicioso EP ‘Fuzzadelic’ e do opulento
álbum de estreia ‘Lake of Fire’ (review
aqui), este quarteto sediado na região minhota acaba de subir mais um
degrau na minha consideração com a produção do majestoso ‘What The Fuzz!’. Lançado
hoje mesmo nos formatos físicos de CD e vinil (ambos com edições limitadas) pela
mão da editora discográfica nacional Raging
Planet, este seu novo álbum brinda-nos com o que de melhor poderá resultar da
intima relação entre o Blues e o Psych Rock. Uma envolvente, sublime e
extasiante odisseia revivalista que nos passeia pelos calejados trilhos do Delta Blues lavrado nas margens do rio
Mississippi, passando pela resplendorosa, requintada e fascinante radiância bafada
pelo Psych Rock de índole sessentista e terminando nos domínios do
inflamante, poderoso e atraente Heavy
Blues resgatado aos dourados 70’s e fermentado pelo efeito fuzz. Estas três forças sonoras convivem
entre si numa perfeita simbiose que nos prende e encanta do primeiro ao último
tema. A sua sonoridade superiormente talhada com habilidade, primor e sensibilidade
deixa-nos os ouvidos em constante salivação. Há algo de verdadeiramente
apaixonante na essência de ‘What the Fuzz!’ que nos cativa e namora
com intensa fogosidade. Na génese de todo este prazeroso e intrigante bruxedo estão
duas guitarras exuberantes que dialogam entre si na criação e condução de sumptuosos,
agradáveis e aliciantes acordes e glamorosos, extraordinários e delirantes solos
que nos tocam as zonas mais erógenas do cérebro, um baixo pulsante de linhas
robustas, torneadas e dançantes, uma bateria talentosa, acrobática e
mirabolante de provocante orientação rítmica, e uma voz límpida, formosa e
airosa que flutua livremente pelas vistosas avenidas de ‘What the Fuzz!’. De
destacar ainda o pitoresco artwork –
a fazer lembrar o álbum ‘Wheels of Fire’ (1968) dos
britânicos Cream – desenvolvido pelo
artista português João Maio Pinto.
Afirmo sem qualquer reserva que este é o meu álbum favorito de The Black Wizards e que seguramente no final
do ano estará perfilado entre os melhores discos lançados em 2017. Recostem-se confortavelmente,
recolham as pálpebras e deixem-se dissolver na etérea e harmoniosa elegância de
‘What
the Fuzz!’.
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