Depois de ‘Deloun
Sessions’ (review aqui)
e ‘Astra
Planeta’ (review aqui)
os cosmonautas australianos Comacozer
acabam de nos presentear com a projecção de ‘Kalos Eidos Skopeo’: o
novo capítulo da mística, hipnótica e extasiante digressão à profunda intimidade
de um Cosmos lisérgico, gélido e bocejante. Lançado no passado mês de Agosto
nos formatos físicos de CD e vinil (ambos com edições limitadas) pela mão do selo discográfico holandês HeadSpin Records (reforçando – desta forma – o vinculo entre a banda e a
editora), este terceiro e novo álbum de Comacozer
representa o prolongamento da odisseia estelar iniciada e desenvolvida nos
álbuns anteriores. Fundamentado num etéreo, fascinante e lenitivo Psych Rock de mãos dadas com um contemplativo,
sedativo e visceral Space Rock que paulatinamente
se unificam, revigoram e agigantam num obscuro, intrigante e melancólico Psych Doom, este ‘Kalos Eidos Skope’ canaliza-nos
para uma imperturbável e carregada hipnose que nos espartilha, embacia e anestesia
a lucidez do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade ataráxica – de propriedades
extremamente psicotrópicas – sepulta-nos num pleno e prazeroso estádio de quietude
e placidez. Sintam-se despir de todas as amarras gravitacionais e transcender
aos nirvânicos céus de ‘Kalos Eidos Skope’ à encantadora boleia
sonora de uma guitarra mântrica detidamente entregue a riffs lúgubres, lascivos, febris e obscurantistas e a alucinantes, venenosos
e estimulantes solos capazes de nos ofuscar, dilacerar e endoidecer, um baixo morfínico
de linhas demoradas, densas e taciturnas que deambula pesadamente pelos quatro
temas que compõem o álbum, uma bateria relaxante que tiquetaqueia delicada e
vagarosamente toda esta sagrada caravana que se distende para o negrume
estelar, e ainda um fantasioso sintetizador que sulfata toda a alma deste disco
com uma brumosa magia alienígena. ‘Kalos Eidos Skope’ é um álbum verdadeiramente
absorvente que nos arremessa para os lugares mais longínquos, secretos e glaciais
da infinidade espacial. Deixem-se entorpecer por este poderoso narcótico e
mergulhar num penetrante oceano de leviandade.
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