quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Review: ⚡ Kadavar - 'Rough Times' (2017) ⚡

É justo começar por dizer que Kadavar é uma das minhas bandas favoritas e tenho o seu álbum de estreia ‘Kadavar’ (2011) como um registo verdadeiramente sagrado – elevado ao estatuto de divindade – que ultrapassara largamente as fronteiras da perfeição. O seu tirânico, ritmado, robusto e galopante Heavy Psych – fortemente influenciado pela dinâmica do Hard Rock setentista – sempre me fascinou e tê-los vivenciado ao vivo em 2013 na já distante terceira edição do festival SonicBlast Moledo (review aqui) foi-me autenticamente especial. Mas desde então a banda germânica – natural da cidade de Berlim – decidiu conscientemente enveredar por um novo registo sonoro que aos meus ouvidos era bastante diferente daquele que caracterizara as raízes da banda, e consequentemente a minha devoção por Kadavar esmorecera. Isto, até que fui confrontado com o enérgico, ardente e poderoso ‘Rough Times’ – recentemente lançado pela afamada editora discográfica Nuclear Blast nos formatos físicos de CD, cassete e vinil – e que com o amontoar de audições atrás de audições este seu novo álbum acabara por conquistar-me, provocando em mim uma constante erupção de prazerosa agitação que me euforizara do primeiro ao derradeiro tema. ‘Rough Times’ é a tão desejada aproximação ao passado sonoro da banda e indubitavelmente um dos seus discos mais pesados. Baseado num frenético, elegante e delirante Heavy Psych locomovido por uma intensa, portentosa e musculada descarga Hard Rock’eana que nos remete para o Rock clássico dos 70’s, este novo registo de Kadavar esporeia-nos e incendeia-nos do primeiro ao último tema. Não é fácil segurar firmemente as rédeas desta vertiginosa e desenfreada cavalgada. A guitarra soberana – fiel discípula da escola Sabbath’ica – avoluma-se em riffs majestosos, draconianos, obscuros e assombrosos, e vomita estonteantes, nebulosos e excitantes solos. O baixo liderante está mais robusto do que nunca, conduzindo-se demarcada e pesadamente em linhas pulsantes, torneadas e intimidantes. A bateria ostensiva de ritmicidade frenética e acrobática tiquetaqueia com uma admirável execução técnica toda esta troante e reverberante avalanche decibélica, e a voz hipnótica, límpida, fria e enigmática que se passeia livre e harmoniosamente pela absorvente atmosfera de ‘Rough Times’. É importante ainda destacar pela positiva a presença de alguns temas mais etéreos, plácidos e melódicos que intervalam o denso, possante e selvático vendaval sonoro que governa a ambiência deste novo disco. Enfrentem destemidamente a estimulante ferocidade de ‘Rough Times’ e celebrem o tão ansiado regresso de Kadavar numa indiscreta aproximação ao registo sonoro que fez deles uma das mais excitantes bandas a nível planetário.

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