Da cidade italiana de Nápoles chega-nos a etérea e perfumada brisa
desértica de Tuna de Tierra com o
lançamento do seu primeiro álbum de estúdio promovido pela editora discográfica
local Argonauta Records em formato
físico de CD. Motivada pela generalizada aprovação do seu eloquente EP de
estreia (review aqui), esta
jovem e valiosa banda napolitana acaba de finalizar e apresentar o seu novo
registo do qual têm de se orgulhar. Este álbum homónimo prende um agradável,
quente, deslumbrante e imensamente atmosférico Psych Rock que se desenvolve, enfatiza e dissolve nas douradas e fervilhantes
areias do possante, enérgico, agitado e contagiante Desert Rock. A sua sonoridade verdadeiramente tocante pendula por
entre fascinantes, sedativas e extasiantes passagens que nos mitigam, embalsamam
e narcotizam os sentidos, e euforizantes, intensas e poderosas erupções que nos
inflamam, tumultuam e anarquizam a alma. ‘Tuna de Tierra’ representa uma
epifania desértica que nos encanta do primeiro ao derradeiro tema. Uma adorável,
hipnótica e envolvente digressão debaixo de um Sol vigilante que nunca se põe,
de olhar adormecido no horizonte que se desdobra pela infinidade fora e acima
de um solo arenoso, tisnado e enrugado de onde desabrocham e tonificam vistosos, abastados e suculentos peyotes atestados
de mescalina. Na génese deste apológico álbum vigora uma extraordinária e
primorosa guitarra de riffs empoeirados,
enigmáticos, corpulentos e torneados, e solos alucinógenos, requintados, delirantes
e viscerais, um baixo ondulante de bafo magnetizante, denso, robusto e dançante,
uma bateria de dinâmica tribalista de relaxante e simultaneamente provocante orientação
rítmica, e ainda uma suave e afável voz que ornamenta, inebria e apazigua toda
esta radiante, esplêndida e sedutora odisseia veraneia. Deixem-se embevecer na mélica,
sagrada e profunda lisergia de ‘Tuna de Tierra’ e sintam-se
gravitar a reinante órbita do Nirvana. Este álbum é combustível para a nossa
espiritualidade. Banhem-se n’Ele.
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