segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

⚡️ The Flying Eyes @ Sabotage Club, Lisboa ⚡️

No passado sábado (2 de Dezembro) desloquei-me a Lisboa com a finalidade de assistir ao vivo pela primeira e última vez a uma das mais singulares bandas da minha vida: The Flying Eyes. Muito recentemente a fascinante formação natural de Baltimore (MarylandEUA) havia surpreendido os seus seguidores com o triste anúncio de que esta seria a sua última tour – adivinhando-se uma consequente separação entre os seus elementos e, portanto, o fim da banda – e essa lamentável condição fazia deste concerto, um evento ainda mais especial para todos aqueles que o iriam vivenciar. Inteiramente motivado e atestado de grandes expectativas, abotoei o casaco, recostei e amortalhei o pescoço na gola do mesmo, mergulhei as mãos nos bolsos e caminhei de cabisbaixo pelas velhas artérias da baixa lisboeta em direcção ao Sabotage Club. Estava uma fria e inóspita noite de Outono – nada tentadora a sair do conforto caseiro – mas nem isso inibiu a resposta de todo o público que acorrera e enchera a sala do espectáculo. No interior do Sabotage Club vivia-se um convidativo clima de festa e confraternização, mas era o palco de instrumentos estacionados que atraía todas as atenções. E foi já com casa cheia que os The Flying Eyes subiram ao palco debaixo de um animado e ruidoso aplauso, com gritos de alento à mistura e saudados com copos de cerveja empunhada na sua direcção. Na plateia sentia-se que estávamos prestes a testemunhar uma exibição de calibre irrepreensível e nenhum de nós se enganou no prognóstico. The Flying Eyes arrancara para um concerto de encantamento e beleza inesgotáveis que pendera entre momentos de estarrecedora e inebriante melosidade e intensa e euforizante explosividade. Numa inesquecível passeata muito bem programada que nos conduzira pela sua discografia, este quarteto norte-americano brindou-nos com o que de melhor pode destilar da junção entre o quente e delirante Psych Rock, o elegante e apaixonante Blues e o sempre aclamado Country, numa sonoridade bastante própria que não deixara ninguém indiferente. O público respondia com uma clara manifestação de êxtase que o climatizara do primeiro ao último tema e nada parecia conseguir interromper essa admirável simbiose que nos acorrentava à banda e à sensual musicalidade que dela transpirava. Foi de olhar selado, sorriso esculpido no rosto e corpos bailantes que nos deixámos absorver, comover e contagiar por duas guitarras de riffs majestosos, sublimes e rendilhados, e alucinantes, ácidos e uivantes solos capazes de nos golpear e dilacerar a lucidez, um baixo groovy de linhas dançantes, hipnóticas e pulsantes que nos obrigava a sussurrá-lo, uma bateria empolgante – locomovida a leveza, esperteza e emoção – que nos esporeava e inundava de excitação, e uma voz açucarada, harmoniosa e aveludada que nos abraçava e namorava com expressividade. No final do concerto – e já depois de um desejado e concedido encore – a banda expressava toda a sua gratidão em constantes vénias, plagiadas por um público ainda entregue a um estádio de pleno deslumbramento. The Flying Eyes ao vivo foi algo especialmente marcante que levarei comigo pela vida fora. Uma noite épica – resistente à força do tempo – que só fez com que a veneração dedicada à banda dilatasse. Até sempre, The Flying Eyes. Obrigado.

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