Da vizinha Espanha chega-nos uma das mais
agradáveis surpresas sonoras de 2017. ‘Negro es el Poder’ é o novo e
segundo álbum da encantadora formação madrilena Mohama Saz e encerra um ternurento, hipnótico, quente e exótico Psych Folk de ares místicos que – em
harmoniosa e extasiante simbiose com um elegante, arrebatador, rico e
envolvente jazz tocado, ornamentado e
conduzido a desarmante sensibilidade e emoção – nos perfuma e fascina com a sua
sedutora e inebriante fragância de natureza oriental. Oficialmente lançado no
passado mês de Março pelo selo discográfico independente Humo (sediado em Oviedo,
Espanha) nos formatos físicos de CD
e vinil, ‘Negro es el Poder’ abraça toda uma arrebatadora, prazerosa,
deslumbrante e requintada sonoridade árida que se se envaidece, desenvolve e
enobrece ao longo de 41 minutos devidamente repartidos pelos nove temas que o habitam.
Há algo de verdadeiramente sagrado neste novo álbum de Mohama Saz que me faz idolatrá-lo e vivenciá-lo com uma intensa,
firme e inquietante satisfação. Uma divina e contemplativa expedição pelas
ondulantes, sedosas, bronzeadas e fervilhantes dunas de um manto desértico
tintado a sépia que se desdobra na vertiginosa direcção de um Sol ardente,
grandioso e reluzente. Na génese desta maravilhosa ode espiritual que nos
canaliza em direcção ao tão almejado transe
está uma guitarra messiânica – de acordes magnéticos, serpenteantes e arábicos,
e solos libidinosos, refinados e ostentosos – que se passeia livre e airosamente
na sombra diligente e tonificante de um baixo deliciosamente ritmado – de
linhas oscilantes, vigorosas e dançantes – e atrelado a uma bateria tribalista
de toque leve, polido, inventivo e talentoso, um saxofone vaidoso, apurado,
mélico e sedoso – de bailados extravagantes, voluptuosos e magnetizantes – e
ainda um devoto e evangélico coro vocal que lidera com sublimidade toda esta esfíngica cerimónia
de adoração ao lado do Sol nascente. Comunguem e absorvam toda a santificada resplandecência
propagada por Mohama Saz e testemunhem
a impactante influência de um dos discos mais veneráveis de 2017.
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