De San Marcos (Texas, EUA) chega-nos um dos mais sérios
candidatos a álbum do ano, isto apesar de 2018 ainda viver a primavera da sua existência.
‘Rootstock’
é o segundo e novo álbum do provocante tridente ofensivo Crypt Trip – lançado muito recentemente em formato físico de CD
através da sua página oficial de Bandcamp
– e vem nutrido e robustecido de um inflamante, intenso e empolgante Heavy Psych N’ Blues locomovido por um elegante,
poderoso e excitante Hard Rock de clara
devoção setentista. A sua sonoridade de
tonalidade quente, ritmada e extasiante envaidece-se num fascinante equilíbrio entre
o peso, a robustez, o dinamismo e a subtileza que faz com que a atenção do
ouvinte gravite na sua órbita do primeiro ao último tema. São cerca de 40
minutos tanto entregues a uma desenfreada e alucinante galopada que nos hipnotiza,
sacode e euforiza, como dedicados a uma saturada atmosfera enevoada por um
psicadelismo ensolarado, anestésico e requintado que nos abraça, enfeitiça e
deslumbra com tremenda facilidade. Estes descendentes da libidinosa sonoridade ZZ Top’eana têm em ‘Rootstock’ um registo detentor
de uma personalidade muito bem conspirada e apurada que promete converter os
mais cépticos em seus devotos entusiastas. Deixem-se influenciar e enlevar
pelos tirânicos bailados de uma guitarra dominante que se tonifica em riffs dinâmicos, hercúleos e viris, e se
revolta em virtuosos, atordoantes e vertiginosos solos. Dancem de forma detida
e apaixonada ao envolvente som de um baixo magnetizante, atlético e pulsante de
linhas diligentes, tensas, criativas e arredondadas. Balanceiem a cabeça em
movimentos pendulares de ombro a ombro na instintiva resposta a uma bateria expedita,
veloz e acrobática – de soberba orientação rítmica – que nos incendeia e
prazenteia de uma veemente adrenalina, e sintam-se seduzidos por uns vocais sedosos,
harmoniosos e intoxicantes que graciosamente sobrevoam e catalisam toda esta
excitante e refinada atmosfera de ‘Rootstock’. Se eu já sustentava uma
irrepreensível admiração por este exímio power-trio
de instrumentos apontados aos corpulentos e vibrantes 70’s, a produção e consequente
degustação deste seu novo álbum acaba de catapultar Crypt Trip para o mais alto pináculo da minha preferência musical.
Este é indubitavelmente o meu álbum favorito brotado até ao momento no fresco e
tenro solo de 2018. Comovam-se e exaltem-se n’Ele.
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