Muito recentemente foi-me
dada a irrecusável e prestigiante oportunidade de ouvir em primeira mão o segundo
e novo álbum dos portuenses Astrodome
batizado de ‘II’ e, portanto, não poderia estar mais ansioso e entusiasmado
por finalmente comungar este renovado capitulo da sua encantadora digressão espacial.
Conheci esta fascinante formação algures no final do ano de 2014 com o
lançamento do seu live demo e em 2015 o seu álbum de estreia ‘Astrodome’ (review aqui) tivera em mim um
impacto de tal magnitude que impulsionara este quarteto português até aos
lugares mais cimeiros da minha preferência musical, onde gravita até então.
Gravado e misturado no
estúdio minhoto Hertzcontrol Studio (situado
na freguesia de Seixas, Caminha) pelo Marco Lima, masterizado pelo carismático músico e produtor dinamarquês
Jonas Munk (Causa Sui, El Paraiso Records), com o lançamento em formato digital agendado para o próximo dia 4
de Março (através da sua página oficial de Bandcamp)
e ainda com um especial lançamento nos formatos físicos de vinil (via HeviSike Records) e cassete (via Ya Ya Yeah) pensado para um futuro
muito próximo, este ‘II’ viaja-nos numa envolvente, maravilhosa e extasiante
odisseia cósmica à boleia das suas fascinantes, etéreas e intoxicantes jams de essência estelar. A sua sonoridade
quente, hipnótica, erótica e comovente – fundamentada e orientada por um elegante,
ataráxico, sublime e apaixonante Heavy
Psych de condução jazzística e
natureza sideral – causa em nós uma imperturbável sensação de deslumbramento
que nos ofusca e narcotiza do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 41
minutos banhados numa edénica resplandecência que nos afaga, bronzeia e
enfeitiça com tremenda facilidade. Percam-se e encontrem-se por entre os extravagantes,
sumptuosos e aliciantes bailados de duas guitarras viajantes que se amuralham
em riffs grandiosos, robustos e
luxuosos, e solos verdadeiramente arrepiantes, agradáveis, adoráveis e
alucinantes. Baloicem os vossos corpos embriagados à reverberante, monolítica e
magnetizante ondulação emanada por um poderoso baixo de linhas dançantes, coesas,
densas e pulsantes, e desatem a cabeça na excitante e libertadora resposta a
uma bateria conduzida a perícia e emoção – de investidas tanto delicadas,
polidas, cuidadas e tranquilizantes quanto agressivas, intensas, explosivas e
euforizantes – que galopa com autoridade, ousadia e sublimidade pelas vastas,
idílicas e frondosas planícies de ‘II’. É-me também importante
estender o elogio ao copioso artwork brilhantemente
ilustrado pela artista portuguesa Clara Pessanha que confere rosto a esta paradisíaca excursão iniciada de pés
descalços e soterrados nas quentes e macias dunas de um deserto fervido pelo Sol
e terminada à deriva no mais profundo e intrigante negrume cósmico. Este é um
álbum verdadeiramente magnífico que nos prende e ofusca com a sua mágica e
esplendorosa nebulosidade. Um disco mirífico – detentor de uma alma enlevada – que
certamente estará perfilado no final do ano por entre os melhores álbuns
nascidos em 2018.
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