De Bergen – a segunda maior cidade da Noruega – chega-nos o álbum de estreia do quinteto Bismarck apelidado de ‘Urkraft’. Lançado unicamente em
formato digital no passado dia 5 de Fevereiro através do seu Bandcamp oficial (mas com a edição em
vinil pensada e agendada para o final do próximo mês de Março), este vultoso,
altivo e majestoso registo da jovem e muito promissora formação nórdica prende
um possante, encorpado, intenso e prepotente Stoner-Doom fervido em efeito Fuzz
e temperado com alguns laivos de um envolvente, místico e fascinante
psicadelismo sideral que nos hipnotiza, narcotiza e arremessa violentamente na
vertiginosa direcção dos astros. A sua sonoridade imensamente poderosa, intrigante
e ostentosa arrasta-se pela intimidade do negrume cósmico, mergulhando o
ouvinte numa profunda e duradoura hipnose que o climatiza, absorve e eteriza do
primeiro ao último tema. São cerca de 35 minutos governados e aureolados por
uma sombria, carregada e enigmática bruma abissal que mumifica e sufoca a mais
pequena réstia de lucidez e nos sepulta a alma na sua fumarenta e intoxicante
essência. Baloicem detida e pesadamente os vossos corpos sonolentos, submissos
e temulentos ao potente, hipnótico e influente som de duas guitarras criadoras
de riffs imponentes, demoníacos e
ressonantes que nos enfeitiçam e atiçam, e solos viscerais, lisérgicos e
astrais que nos golpeiam e envenenam. Diligenciem e murmurem as reverberantes, tensas,
febris e pujantes linhas de um baixo intensamente palpitante, desatem a cabeça
à excitante e redentora boleia de uma bateria explosiva, massiva e trovejante,
e sintam-se diluir nos rugidos cavernosos, enérgicos e raivosos que dão voz a toda
esta devastadora avalanche sonora que nos atropela e soterra os sentidos. É importante
ainda destacar o primoroso artwork de
ares ritualísticos superiormente ilustrado pelo artista escandinavo Anders Røkkum que serve de portal para
um esplêndido e inolvidável mergulho pelo universo de ‘Urkraft’. Este é um
álbum de natureza tirânica que nos domina e conquista com admirável prontidão. Participem
nesta irreligiosa cerimónia rezada e liderada pelos Bismarck que – de instrumentos apontados aos mais remotos e denegridos
domínios cósmicos – nos invade, maravilha e consagra em seus devotos
peregrinos.
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