Da pequena e pacata
localidade de Ville-Marie (Québec, Canadá) chega-nos o irresistível EP de estreia da jovem banda Cleõphüzz. Com o seu lançamento oficial
agendado para o próximo dia 30 de Março em formato digital via Bandcamp e ainda em formato físico de
cassete (numa edição ultra-limitada a apenas 100 cópias existentes) através da
parceria local KeepHope Productions
/ La Grotte Records, este ‘Wizard
of Phüzz’ remete o ouvinte para uma envolvente, sagrada e deslumbrante
travessia por um deserto ondulado e penteado por imponentes, sedosas e douradas
dunas, massajado por uma vagueante, suave e revitalizante brisa soprada pelo
Cosmos bocejante, e bronzeado e calejado por um vigilante, intenso e fulgurante
Sol perpetuamente debruçado no firmamento. A sonoridade mântrica difundida por
este fascinante power-trio canadiano passeia-se
por um místico, arrebatador e edénico Psych
Rock – de natureza contemplativa e cinematográfica – com indiscretas
aproximações a um possante, saturado e fervilhante Desert Rock à boa moda dos 90’s. São cerca de 28 minutos –
repartidos pelos quatro temas que o habitam – aureolados por uma sublimidade
que nos desarma, namora e conquista com tremenda facilidade. Testemunhem toda
esta epifania desértica majestosamente rezada por Cleõphüzz e deixem-se submergir e inebriar pelas mágicas e nirvânicas
danças de duas guitarras espirituais que se ostentam em hipnóticos, religiosos,
exóticos e formosos riffs e se esperneiam
ao longo de solos intoxicantes, alucinógenos e estonteantes, uma bateria ardente
movida a ritmicidade, vigor e emotividade, uma voz picante, áspera, enérgica e flamejante,
e ainda a carismática presença de um penetrante, requintado e comovente violoncelo
que sobrevoa harmoniosamente a atmosfera ritualística de um dos temas deste EP.
E se a paradisíaca musicalidade de ‘Wizard of Phüzz’ tem o dom de
rejubilar e canonizar a alma de quem nele ancorar a sua atenção, o extraordinário
artwork de contornos faraónicos –
superiormente ilustrado pela artista francesa Tessa Najjar – promete dilatar e cativar as pupilas de quem
o comungar com o olhar. Soterrem os pés nas quentes e aveludadas areias do
deserto, agigantem-se e cabeceiem as mais distantes e berrantes fornalhas
estelares, e dissolvam-se na terapêutica mansidão deste EP. Estamos mesmo na agradável
presença de um verdadeiro oásis sonoro que no final do ano estará certamente perfilado
por entre os melhores registos nascidos em 2018.
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