Depois de uma carreira
inteiramente dedicada a galácticas, excitantes e psicotrópicas jams instrumentais de durações a perder
de vista, a influente banda ancorada na cidade costeira de San Diego (Califórnia, EUA) decidira reinventar-se neste seu
novo álbum. Gravado no carismático estúdio Rancho
de la Luna (situado no coração do deserto de Mojave) e lançado hoje mesmo
pelo célebre selo discográfico independente Nuclear Blast nos formatos físicos de CD e vinil, ‘Black
Heaven’ balanceia-se por entre as clássicas jams Earthless’enas e a relaxante,
perfumada e inebriante melosidade bem à moda de uns Golden Void com a surpreendente inclusão dos vocais. Esta nova calibragem
à sua orientação musical não representa um desapego total à sonoridade que
conquistara toda uma vasta e crescente plateia de admiradores por todo o
planeta, mas apenas parcial. E se existem bandas que têm todo o direito de se redefinir
sem desmerecer o crédito dos seus mais devotos seguidores, uma delas é
certamente Earthless. Admito que só
com o acumular de algumas audições, ‘Black Heaven’ começara a envolver-me
e consequentemente conquistar-me. Fundamentado num elegante, exótico e
fascinante Heavy Psych de tração setentista e propensão estelar, este
novo registo de Earthless tem a
capacidade de nos passear por quentes, harmoniosas e tranquilizantes paisagens
sonoras como de nos sacudir, atordoar e euforizar num intenso e desgovernado redemoinho.
E são estas ziguezagueantes transições que desarticulam os seis temas que
incorporam este ‘Black Heaven’ mas que – de alguma forma – lhe conferem também um
certo equilíbrio. É neste estado de espirito de total entrega e predisposição que
ele deve ser comungado e devidamente digerido. Isaiah Mitchell empresta não só a sua melodiosa voz como majestosos,
epopeicos e ostentosos riffs que se
desmancham em alucinantes, virtuosos e deslumbrantes solos. Mario Rubalcaba de baquetas firmemente
empunhadas arranca em estonteantes, frenéticas e empolgantes galopadas que nos
esporeiam e incendeiam de adrenalina, enquanto que o Mike Eginton ao volante do seu baixo robusto, pulsante, hipnótico e
dançante assegura que o riff-base não
é esquecido por nenhum dos ouvintes. De destacar também o detalhe e primor da
beleza que climatiza todo o artwork
superiormente pensado e delineado pelo artista dotado Andrew Sloan, a fazer merecer assim toda a confiança nele
depositada. ‘Black Heaven’ é um álbum detentor de uma desarmante
complexidade que pendula entre a serena e estarrecedora harmonia e a inquietante
e delirante comoção. Derretam-se nele.
De reforçar ainda que estes
três titãs estarão de visita a Portugal no próximo mês de Agosto para subir ao
palco principal do festival SonicBlast
Moledo, e portanto mal posso esperar por reviver – quase uma década depois –
toda a sónica explosividade de Earthless
ao vivo.
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