sexta-feira, 16 de março de 2018

Review: ⚡ Earthless - 'Black Heaven' (2018) ⚡

Depois de uma carreira inteiramente dedicada a galácticas, excitantes e psicotrópicas jams instrumentais de durações a perder de vista, a influente banda ancorada na cidade costeira de San Diego (Califórnia, EUA) decidira reinventar-se neste seu novo álbum. Gravado no carismático estúdio Rancho de la Luna (situado no coração do deserto de Mojave) e lançado hoje mesmo pelo célebre selo discográfico independente Nuclear Blast nos formatos físicos de CD e vinil, ‘Black Heaven’ balanceia-se por entre as clássicas jams Earthless’enas e a relaxante, perfumada e inebriante melosidade bem à moda de uns Golden Void com a surpreendente inclusão dos vocais. Esta nova calibragem à sua orientação musical não representa um desapego total à sonoridade que conquistara toda uma vasta e crescente plateia de admiradores por todo o planeta, mas apenas parcial. E se existem bandas que têm todo o direito de se redefinir sem desmerecer o crédito dos seus mais devotos seguidores, uma delas é certamente Earthless. Admito que só com o acumular de algumas audições, ‘Black Heaven’ começara a envolver-me e consequentemente conquistar-me. Fundamentado num elegante, exótico e fascinante Heavy Psych de tração setentista e propensão estelar, este novo registo de Earthless tem a capacidade de nos passear por quentes, harmoniosas e tranquilizantes paisagens sonoras como de nos sacudir, atordoar e euforizar num intenso e desgovernado redemoinho. E são estas ziguezagueantes transições que desarticulam os seis temas que incorporam este ‘Black Heaven’ mas que – de alguma forma – lhe conferem também um certo equilíbrio. É neste estado de espirito de total entrega e predisposição que ele deve ser comungado e devidamente digerido. Isaiah Mitchell empresta não só a sua melodiosa voz como majestosos, epopeicos e ostentosos riffs que se desmancham em alucinantes, virtuosos e deslumbrantes solos. Mario Rubalcaba de baquetas firmemente empunhadas arranca em estonteantes, frenéticas e empolgantes galopadas que nos esporeiam e incendeiam de adrenalina, enquanto que o Mike Eginton ao volante do seu baixo robusto, pulsante, hipnótico e dançante assegura que o riff-base não é esquecido por nenhum dos ouvintes. De destacar também o detalhe e primor da beleza que climatiza todo o artwork superiormente pensado e delineado pelo artista dotado Andrew Sloan, a fazer merecer assim toda a confiança nele depositada. ‘Black Heaven’ é um álbum detentor de uma desarmante complexidade que pendula entre a serena e estarrecedora harmonia e a inquietante e delirante comoção. Derretam-se nele.

De reforçar ainda que estes três titãs estarão de visita a Portugal no próximo mês de Agosto para subir ao palco principal do festival SonicBlast Moledo, e portanto mal posso esperar por reviver – quase uma década depois – toda a sónica explosividade de Earthless ao vivo.

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