Os lusitanos Dead Combo acabam de apresentar o seu sexto
disco de originais ‘Odeon Hotel’ e no
mesmo pernoitam variados músicos, entre os quais os carismático Mark Lanegan que empresta a sua inconfundível,
soturna e cavernosa voz a um dos temas do álbum. Lançado pela Sony Music em formato de CD e produzido
pelo músico norte-americano Alain
Johannes, este ‘Odeon Hotel’ dá continuidade à luxuosa e extravagante
sonoridade da célebre formação ancorada em Lisboa,
presenteando todos os seus ouvintes com um requintado, sensual, clássico e exótico
Fado de ares empoeirados por uma contemplativa
veia Western que nos remete para o
solo bronzeado e calejado de um deserto mexicano – de corpo sonolento e
abraçado a um cavalo cansado de galope pausado – onde o Sol intenso e vigilante
– debruçado e perpetuado no horizonte – ruboriza frondosos e suculentos peyotes atestados de mescalina. A sua
sonoridade quente, sedutora e magnetizante – profundamente influenciada pela
música tradicional latina e pela velha cultura mariachi – é essencialmente irrigada e conduzida por duas guitarras comoventes, calorosas e comunicativas de acordes desarmantes, delicados, arrepiantes e narrativos que
nos envolvem, enternecem e extasiam com as suas emocionantes palavras dedilhadas,
um imperioso e torneado contrabaixo de reverberação pulsante, densa, robusta e
dançante que mareia, tonifica e sombreia todas as incursões da guitarra, um uivante
saxofone de excêntricos, serpenteantes e aveludados bailados, e uma bateria primorosa
de acrobacias tribalistas e mirabolantes – movida a destreza, sensibilidade e deslumbrante
fineza – que tiquetaqueia e esporeia com admirável sublimidade todos os
diversos momentos de ‘Odeon Hotel’. São cerca de 45 minutos
de estadia numa edénica e perfumada sensação de fascínio e bem-estar que nos
petrifica e conquista do primeiro ao último tema. Este é – indubitavelmente – o
meu álbum favorito de Dead Combo. Um
registo verdadeiramente apaixonante, detentor de uma alma opulenta, que distendera
na minha todo um tapete desértico e nele brotara imponentes saguaros que se espreguiçam e agigantam na
vertiginosa direcção do Sol. Recostem-se confortavelmente, desmaiem as
pálpebras, respirem profundamente e engulam este ardente trago de dourado misticismo.
Não vai ser nada fácil fazer o check-out neste memorável e marcante ‘Odeon
Hotel’. Tenham uma boa estadia neste novo álbum de Dead Combo e vivenciem de forma detida e submissa todo o inebriante
encantamento difundido por um dos melhores discos lançados até ao momento em
2018.
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