domingo, 22 de abril de 2018

Review: ⚡ Dead Combo - ‘Odeon Hotel’ (2018) ⚡

Os lusitanos Dead Combo acabam de apresentar o seu sexto disco de originais ‘Odeon Hotel’ e no mesmo pernoitam variados músicos, entre os quais os carismático Mark Lanegan que empresta a sua inconfundível, soturna e cavernosa voz a um dos temas do álbum. Lançado pela Sony Music em formato de CD e produzido pelo músico norte-americano Alain Johannes, este ‘Odeon Hotel’ dá continuidade à luxuosa e extravagante sonoridade da célebre formação ancorada em Lisboa, presenteando todos os seus ouvintes com um requintado, sensual, clássico e exótico Fado de ares empoeirados por uma contemplativa veia Western que nos remete para o solo bronzeado e calejado de um deserto mexicano – de corpo sonolento e abraçado a um cavalo cansado de galope pausado – onde o Sol intenso e vigilante – debruçado e perpetuado no horizonte – ruboriza frondosos e suculentos peyotes atestados de mescalina. A sua sonoridade quente, sedutora e magnetizante – profundamente influenciada pela música tradicional latina e pela velha cultura mariachi – é essencialmente irrigada e conduzida por duas guitarras comoventes, calorosas e comunicativas de acordes desarmantes, delicados, arrepiantes e narrativos que nos envolvem, enternecem e extasiam com as suas emocionantes palavras dedilhadas, um imperioso e torneado contrabaixo de reverberação pulsante, densa, robusta e dançante que mareia, tonifica e sombreia todas as incursões da guitarra, um uivante saxofone de excêntricos, serpenteantes e aveludados bailados, e uma bateria primorosa de acrobacias tribalistas e mirabolantes – movida a destreza, sensibilidade e deslumbrante fineza – que tiquetaqueia e esporeia com admirável sublimidade todos os diversos momentos de ‘Odeon Hotel’. São cerca de 45 minutos de estadia numa edénica e perfumada sensação de fascínio e bem-estar que nos petrifica e conquista do primeiro ao último tema. Este é – indubitavelmente – o meu álbum favorito de Dead Combo. Um registo verdadeiramente apaixonante, detentor de uma alma opulenta, que distendera na minha todo um tapete desértico e nele brotara imponentes saguaros que se espreguiçam e agigantam na vertiginosa direcção do Sol. Recostem-se confortavelmente, desmaiem as pálpebras, respirem profundamente e engulam este ardente trago de dourado misticismo. Não vai ser nada fácil fazer o check-out neste memorável e marcante ‘Odeon Hotel’. Tenham uma boa estadia neste novo álbum de Dead Combo e vivenciem de forma detida e submissa todo o inebriante encantamento difundido por um dos melhores discos lançados até ao momento em 2018.

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