O já mitológico Dylan Carlson (membro fundador, guitarrista e actual
líder da histórica banda Earth) acaba
de apresentar o seu novo álbum designado de ‘Conquistador’. Oficialmente
lançado pelo selo discográfico californiano Sargent House nos formatos físicos de CD e vinil, este renovado capítulo
da sua admirável e evolutiva carreira a solo vem obscurecido e dominado por um
intrigante Drone de feições sombrias,
esmorecidas e melancólicas que nos envolve, enluta e imortaliza a alma num inamovível
estádio de intensa misantropia. Hospedado na chuvosa e pardacenta cidade de Seattle (Washington, EUA), de
guitarra empunhada, semblante caído, olhar semi-cerrado, e corpo prostrado à
penumbra que o abraça e enegrece, Dylan
Carlson dedilha pesarosos, imperiosos, fúnebres e ostentosos acordes numa
atmosfera arruinada, turva e carregada onde a radiosa esperança não ousa entrar.
E é neste clima tenebroso, opressivo e doloroso – contador de envolventes, tristes
e angustiantes narrativas – que somos hipnotizados e remetidos para um solitário
deserto pintado e eclipsado pelo cair da noite, onde os últimos raios solares
se dissipam e esvanecem no crescente e absorvente negrume que reveste e toma de
assalto os silenciosos céus. Sintam-se cambalear – tomados e embriagados de
doce inércia – pelo solo calejado e arenoso do vazio, e encorar o vosso olhar sedado
e empedernecido no horizonte desértico que se desdobra e renova pela infinidade
adentro. ‘Conquistador’ é um álbum
tristemente belo que nos respira e narcotiza. Um registo detentor de uma alma
denegrida que nos ofusca e estabiliza num profundo estado de introspecção. Este
é – sem qualquer dúvida – um dos meus discos favoritos de um ano já brindado
pela quantidade e qualidade. Um dos trabalhos mais singulares de Dylan Carlson e decididamente o meu
favorito da sua solitária digressão pelos grisalhos e lamacentos prados da
música Drone. Deixem-se sombrear e
anestesiar pela hermética misticidade de ‘Conquistador’ e testemunhem de forma detida toda a sua irrepreensível majestosidade fluir, esculpir e ecoar pelos longos e serpenteantes desfiladeiros que ramificam
a vossa alma.
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