Do coração californiano – a grande
e populosa cidade de Los Angeles –
chega-nos o admirável e venerável álbum de estreia (e que estreia!) do tridente feminino High Priestess. Lançado muito
recentemente pelo produtivo e influente selo discográfico Ripple Music em formato digital e nos formatos físicos de CD e vinil, este disco
homónimo vem revestido e fortalecido por um astral, místico e devocional Psych Doom de atmosfera meditativa,
envolvente e lenitiva que nos hipnotiza, afaga e eteriza. A sua sonoridade profética
– abençoada e adornada pela misticidade e religiosidade oriental – tem o dom de nos
envolver, intrigar e prontamente converter em seus devotos peregrinos. Uma
caravana ritualística que nos distende das bronzeadas e aveludadas dunas de um
deserto ancestral até às vertiginosas e brumosas profundezas do espaço sideral.
São cerca de 41 minutos – fragmentados pelos 6 temas que o incorporam – governados
e liderados por uma enigmática liturgia de onde se insurge uma guitarra
messiânica – conduzida a riffs
majestosos, tenebrosos, deslumbrantes, obscuros e poderosos, e solos uivantes, alucinógenos
e serpenteantes – sombreada e escoltada por um vigoroso e ostentoso baixo de
reverberação densa, carregada, torneada e intensa, uma bateria cativante,
pesada, compassada e retumbante – de ritmicidade tanto demorada e relaxante, como
explosiva e euforizante -, e uns vocais celestiais, melódicos, translúcidos e
espectrais que se dissolvem e atropelam mutuamente. De destacar ainda pela
positiva o prodigioso, expressivo e vistoso artwork
– superiormente pensado e ilustrado pela habilidosa artista norte-americana Caitlin Mattisson – que tão bem conjuga
com a sublime musicalidade deste fascinante power-trio
californiano. ‘High Priestess’ é um álbum de natureza divinal que nos canoniza,
arrebata e eterniza no seu universo sacramental. Banhem-se na obscura luminosidade
de High Priestess e comunguem um dos
registos mais adoráveis de 2018.
Sem comentários:
Enviar um comentário