Da cidade de Magelang (na Indonésia) chega-nos a psicotrópica, brumosa e monolítica exalação
de Klandestin, com o seu poderoso álbum
de estreia ‘Green Acid of Last Century’.
Lançado no passado mês de Abril e promovido pelo selo discográfico local Hellas Records nos formatos físicos de
CD e cassete, este registo vem nutrido de um pesado, morfínico, arrastado e
tirânico Stoner Doom de tonalidade
esverdeada que provoca no ouvinte efeitos em tudo semelhantes aos da inalação
de cannabis. A sua sonoridade
obscurecida, enigmática, absorvente e entorpecida – detentora de altos níveis
de THC – tem o dom de nos envolver, intrigar
e hipnotizar numa possante, vigorosa e provocante cavalgada que nos desmaia as
pálpebras, tomba o semblante e balanceia o nosso corpo inebriado. São cerca de
42 minutos vividos numa profunda narcose que nos inunda e enterra a lucidez, sedando
e massajando todos os nossos membros e sentidos. Enlameiem-se nos viscosos,
nebulosos e embriagantes pântanos de Klandestin
à fascinante boleia de uma guitarra viril conduzida e manobrada a riffs montanhosos, densos, lamacentos e
ostentosos, e solos dilacerantes, gélidos e atordoantes, um baixo tenso de
bafagem magnetizante, maciça, tenebrosa e reverberante que segue todas as
pisadas da guitarra, uma bateria impetuosa de ritmicidade incisiva, explosiva e
rumorosa, e ainda uma voz ecoante, translúcida e fecundante que nos mantém
despertos nesta profunda e fumarenta hipnose. ‘Green Acid of Last Century’ é um álbum tremendamente alucinógeno
que nos banha e ofusca de uma prazerosa e resplandecente lisergia. Testemunhem todo
este religioso ritual de adoração à erva sagrada e comunguem toda uma
meditativa, lenitiva e encantadora inércia que vos estacionará a alma num
perfeito e imperturbável estádio de transe.
Não é fácil recuperar a lucidez que Klandestin
– de forma subtil – nos enfraquecera e subtraíra ao longo de todo este álbum. Percam-se na
intimidade do seu torpor e inalem toda a redentora toxicidade de um dos discos
mais enigmáticos lançados até ao momento em 2018.
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