Da cidade norte-americana de
Allentown (Pensilvânia, EUA) acaba
de ser lançado um dos discos por mim mais aguardados do ano. ‘Get in
the Van’ é o tão ansiado álbum de estreia do quarteto BearSloth que finalmente decidira avançar
para estúdio depois de concertos acumulados ao longo dos últimos anos. E se a
minha expectativa a ele dedicada era imensa, assim que ouvira os primeiros riffs sentira a inabalável convicção de
que se trataria mesmo de um dos meus registos favoritos de 2018. Conduzido ao
volante de um atraente, animado, ritmado e empolgante Heavy Psych N’ Blues fervido em efeito fuzz – de onde facilmente se desprendem influências
apontadas a Jimi Hendrix, ZZ Top, Blue Cheer e MC5 – este
adorável registo traz-nos uma airosa fragância de essência revivalista que nos
remete para as emblemáticas e nostálgicas décadas de 1960 e 1970. A sua sonoridade exótica
combina as vertentes heavy do
universo Psychedelic Rock e Blues Rock, presenteando ainda o
ouvinte com ousadas aproximações ao ardente e contagiante Boogie Rock ouvido, dançado e exultado no final dos anos 60. Baseado em lascivos e boémios
riffs – por nós facilmente compreendidos
e sussurrados – que transpiram e disseminam calor, brilho e sedução, este emocionante
‘Get
in the Van’ obriga-nos a dançá-lo de corpo serpenteante, olhar selado e
sorriso talhado no rosto. Estalem os dedos, batam com o pé no chão e agitem-se
prazerosa e extravagantemente à boleia de uma guitarra vivificante que se
balanceia em acordes comoventes, voluptuosos, sinuosos e eletrizantes, e se transcende
na libertação e orientação de atordoantes, extasiados, irresistíveis e uivantes
solos, um baixo sombreado de linhas oscilantes, corpulentas e magnetizantes que
superiormente conjuga o peso com a movimentação, uma bateria expedita de
incansáveis e fogosas acrobacias executadas a habilidade, entusiasmo e
agilidade, um mirabolante e carnavalesco saxofone de envolventes, bizarros,
tortuosos e deslumbrantes bailados à boa moda do Free-Jazz, e ainda uma aveludada, relaxada e encantadora
voz de textura Hendrix’eana que complementa na perfeição toda
esta vulcânica e afrodisíaca manifestação. É-me ainda importante estender o
elogio ao absorvente artwork de
natureza lisérgica e alucinógena – concebido pelo artista Reed Markovitz – que transportara para o domínio visual todo um
efeito sinestésico provocado pelo LSD.
Este é um álbum repleto de uma intensa vitalidade que nos inflama e inquieta do
primeiro ao último minuto. Um registo verdadeiramente absorvente que nos
preenche de alegria e euforia. Embarquem neste ‘Get in the Van’ e saturem-se
de um caloroso entusiasmo que vos bronzeará e narcotizará a lucidez. Um disco
integralmente lavrado à minha imagem e que certamente estará perfilado por
entre os mais valorizados álbuns do ano.
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