É justo começar por referir
que este era um dos álbuns mais aguardados do ano. Não só por mim, mas também
por todos os restantes aficionados de All
Them Witches, banda sediada na cidade norte-americana de Nashville (estado do Tennessee, EUA) que nos últimos anos tem visto o seu público alargar de forma
exponencial e sem qualquer moderação. Sintoma claro de um reconhecimento
meritório, essencialmente fundamentado na incrível amplitude criativa e
inspiradora de uma das bandas mais populares e fascinantes do momento. Sendo eu
um intratável apaixonado pelo seu segundo álbum (o inigualável ‘Lightning
At The Door’ nascido no já longínquo ano de 2013) e um apreciador bem
mais comedido em relação aos seus restantes trabalhos, este quinto e novo álbum
de designação homónima despertava em mim todo um incontrariável pressentimento
de estaria prestes a testemunhar todo o esplendor de um registo de natureza
irrepreensível. E assim se materializou essa expectativa previamente hasteada.
Lançado muito recentemente sob a forma física de CD e vinil através do selo
discográfico texano New West Records
(com o qual a banda vai amadurecendo a sua ligação contratual), ‘ATW’
presenteia o ouvinte com um delicioso cocktail
sonoro de onde sobressai um inflamante, exótico e provocante Psych Rock de inspiração setentista, matizado de um dançante, rústico,
refinado e inebriante Heavy Blues de
aroma clássico com ousadas mas felizes aproximações ao carismático Delta-Blues lavrado e desabrochado nas idosas
margens do rio Mississippi. A sua sonoridade de compleição heterogénea passeia-se
envaidecidamente numa deslumbrante conjugação entre a intensa robustez e a afável
suavidade, o ardente entusiasmo e a nirvânica mansidão, a elegante resplandecência
e a pesada obscuridade. São esses os estádios mentais que nos invadem a alma assim
que iniciamos e desenvolvemos a digressão pelas envolventes paisagens de ‘ATW’.
Maravilhem-se com a fabulosa ostentação de uma guitarra que se serpenteia e
incendeia em riffs hipnotizantes, fluídos,
inventivos e euforizantes, e se esgota em uivantes, labirínticos, expressivos e
desarmantes solos capazes de nos ferver e enlouquecer, um baixo murmurante de
linhas possantes, curvadas, dinâmicas e ondulantes que nos desprendem a cabeça
na sua perseguição, uma bateria arrojada e soberbamente conduzida a habilidade,
sentimento e objectividade que nos espreme toda a adrenalina acumulada, uma voz
mélica, edénica e delicada que sobrevoa todo o álbum com graciosa ternura, e
ainda um onírico e perfumado teclado – que com os seus sidéricos bailados – borrifa
de magia toda a atmosfera enfeitiçada de ‘ATW’. Este é um álbum produzido a
sensualidade, capricho e sensibilidade que certamente agradará tanto a gregos
como troianos. Deixem-se dissipar livremente pela paradisíaca torrente que
percorre as artérias desta inspirada obra de All Them Witches e sintam-se desaguar num perfeito estádio de transe que vos climatizará tão para lá
da duração do álbum. Verdadeira maviosidade em estado musical.
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➥ New West Records
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1 comentário:
uma das bandas mais interessantes do momento.
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