Da longínqua capital
nipónica chega-nos o quarto e novo álbum de uma das formações mais estimadas,
consagradas e inventivas da actualidade: Kikagaku
Moyo. Lançado hoje mesmo pela influente editora discográfica local Guruguru Brain (responsável máxima pela
aposta e difusão do que de melhor se concebe no universo musical do Krautrock e Psych Rock em território japonês) nos formatos físicos de CD e
vinil, e ainda com a particularidade de ter sido gravado no conceituado estúdio
português Valentim de Carvalho
(situado em Lisboa) com a produção do músico afecto ao Jazz Bruno Pernadas e a mistura / masterização
da inteira responsabilidade de Tiago De Sousa, ‘Masana Temples’ representa o tão ansiado
novo capítulo desta mágica e envolvente digressão sonora iniciada no ano de
2013, aquando da sua formação. Fundamentados num magnetizante, sublime e
extasiante Krautrock de propensão espiritual
em agradável simbiose com um perfumado, comovente e requintado Psych Rock de idioma oriental e ainda um
Acid Folk de essência tradicional, estes
eremitas Kikagaku Moyo pensam, desenham
e executam uma musicalidade verdadeiramente edénica, onde todos nós – ouvintes –
nos ancoramos, banhamos e deleitamos. É impossível perturbar toda esta hipnose docemente
contemplativa que nos afaga e embala do primeiro ao derradeiro tema. São cerca
de 40 minutos aureolados e climatizados por um terapêutico misticismo de origem
ancestral que prontamente nos converte em seus devotos peregrinos. Deixem-se prender,
transcender e exultar pela exótica e tribalista ritmicidade de ‘Masana
Temples’ à absorvente boleia de duas guitarras nómadas e messiânicas
que com os seus refrescantes, prazerosos, copiosos e deslumbrantes acordes e solos
delirantes, lisérgicos, estéticos e intoxicantes se cruzam e atropelam em primorosos
e constantes diálogos, um baixo soberbamente funky de linhas delineadas e conduzidas a robustez, volúpia e
fluidez, uma elegante bateria de orientação jazzística
que se concentra e ostenta em brilhantes, delicadas, polidas e apaixonantes investidas,
um airoso teclado de cativantes, viajantes e quiméricos bailados, uma sagrada cítara
de tocantes, estarrecedoras e arrepiantes danças, e ainda uma voz divina, macia
e lenitiva que sobrevoa com graciosidade e leviandade toda esta excepcional resplandecência
estival. De destacar ainda a estonteante exuberância destilada pelo caprichado artwork de feição tipicamente asiática, concebido
pela artista nipónica Phannapast
Taychamaythakool. Este é um disco imaculável que nos deixa perplexos com a
sua intensa beleza. Absorvam-se na profunda religiosidade de ‘Masana
Temples’ e comunguem detidamente todo o encantamento exalado de um dos
álbuns mais magistrais de 2018.
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