sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Review: ⚡ Kikagaku Moyo - 'Masana Temples' (2018) ⚡

Da longínqua capital nipónica chega-nos o quarto e novo álbum de uma das formações mais estimadas, consagradas e inventivas da actualidade: Kikagaku Moyo. Lançado hoje mesmo pela influente editora discográfica local Guruguru Brain (responsável máxima pela aposta e difusão do que de melhor se concebe no universo musical do Krautrock e Psych Rock em território japonês) nos formatos físicos de CD e vinil, e ainda com a particularidade de ter sido gravado no conceituado estúdio português Valentim de Carvalho (situado em Lisboa) com a produção do músico afecto ao Jazz Bruno Pernadas e a mistura / masterização da inteira responsabilidade de Tiago De Sousa, ‘Masana Temples’ representa o tão ansiado novo capítulo desta mágica e envolvente digressão sonora iniciada no ano de 2013, aquando da sua formação. Fundamentados num magnetizante, sublime e extasiante Krautrock de propensão espiritual em agradável simbiose com um perfumado, comovente e requintado Psych Rock de idioma oriental e ainda um Acid Folk de essência tradicional, estes eremitas Kikagaku Moyo pensam, desenham e executam uma musicalidade verdadeiramente edénica, onde todos nós – ouvintes – nos ancoramos, banhamos e deleitamos. É impossível perturbar toda esta hipnose docemente contemplativa que nos afaga e embala do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 40 minutos aureolados e climatizados por um terapêutico misticismo de origem ancestral que prontamente nos converte em seus devotos peregrinos. Deixem-se prender, transcender e exultar pela exótica e tribalista ritmicidade de ‘Masana Temples’ à absorvente boleia de duas guitarras nómadas e messiânicas que com os seus refrescantes, prazerosos, copiosos e deslumbrantes acordes e solos delirantes, lisérgicos, estéticos e intoxicantes se cruzam e atropelam em primorosos e constantes diálogos, um baixo soberbamente funky de linhas delineadas e conduzidas a robustez, volúpia e fluidez, uma elegante bateria de orientação jazzística que se concentra e ostenta em brilhantes, delicadas, polidas e apaixonantes investidas, um airoso teclado de cativantes, viajantes e quiméricos bailados, uma sagrada cítara de tocantes, estarrecedoras e arrepiantes danças, e ainda uma voz divina, macia e lenitiva que sobrevoa com graciosidade e leviandade toda esta excepcional resplandecência estival. De destacar ainda a estonteante exuberância destilada pelo caprichado artwork de feição tipicamente asiática, concebido pela artista nipónica Phannapast Taychamaythakool. Este é um disco imaculável que nos deixa perplexos com a sua intensa beleza. Absorvam-se na profunda religiosidade de ‘Masana Temples’ e comunguem detidamente todo o encantamento exalado de um dos álbuns mais magistrais de 2018.

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