São raríssimas as bandas que
– aos meus ouvidos – detêm uma discografia imaculada, e King Buffalo é indubitavelmente uma delas. Conheci este trio
nova-iorquino logo após o lançamento da sua demo
de estreia (algures no inverno de 2013) e desde então que passei a escoltá-lo
religiosamente. Seguia-se o seu tão aguardado primeiro trabalho de longa
duração, ‘Orion’ de 2016 (review
aqui) e mais recentemente o salivante EP ‘Repeater’ (review aqui) apresentado no início
do presente ano. Até que hoje a fascinante banda norte-americana apresenta
oficialmente o seu segundo álbum ‘Longing to be the Mountain’ pelo já
carismático selo discográfico germânico Stickman
Records nos formatos físicos de CD e vinil, e depois de ouvido e digerido
pude reforçar o invejável estatuto que King
Buffalo tem em mim. É numa harmoniosa coexistência entre o electrizante, vulcânico,
xamânico e euforizante Heavy Psych,
o inflamante, ostentoso, poderoso e dançante Heavy Blues e o viajante, hipnótico, lenitivo e envolvente Krautrock de propensão astral que a contemplativa
e estarrecedora sonoridade de ‘Longing to be the Mountain’ se
manifesta e nos atesta de uma perdurável e imperturbável ataraxia. São cerca de
40 minutos – distribuídos pelos 6 temas que o ocupam – saturados de um misterioso,
mas deveras prazeroso halo que nos faroliza e eteriza ao longo de toda esta
sublimada digressão pelos domínios estrelados deste deslumbrante álbum. Sintam-se
escorregar e embalar num morfínico vórtice que vos desaguará num intenso estádio
ardência e comoção à apaixonante boleia de uma guitarra endeusada que perscrutando
o Cosmos se transcende em riffs magnetizantes,
veneráveis e excitantes, e solos ostentosos, delirantes e venenosos, um murmurante
baixo de ondulação pulsante, fluída, relaxada e hipnotizante, uma bateria deliciosamente
groovy que tiquetaqueia com subtileza,
sentimento e leveza, e uma messiânica voz lúcida e sem expressão que nos mantém
consencientes neste sonho acordado. ‘Longing to be the Mountain’ conta
ainda com um fabuloso, copioso e detalhado artwork
– superiormente ilustrado pelo artista AdrianDexter – que nos confere uma visão fiel de toda esta extraordinária odisseia
pela intimidade espacial. Este é um álbum divinal que nos absorve, comove e
sacode sem qualquer inibição. Não é fácil aceitar a finitude desta jornada
galáctica e despertarmos num silêncio inóspito e desconcertante. Deixem-se dissipar e arrebatar
pela inspirada e renovada obra de King
Buffalo e reverenciem com total entrega um dos registos mais sensacionais
do ano.
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➥ Stickman Records
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