sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Review: ⚡ King Buffalo - 'Longing to be the Mountain' (2018) ⚡

São raríssimas as bandas que – aos meus ouvidos – detêm uma discografia imaculada, e King Buffalo é indubitavelmente uma delas. Conheci este trio nova-iorquino logo após o lançamento da sua demo de estreia (algures no inverno de 2013) e desde então que passei a escoltá-lo religiosamente. Seguia-se o seu tão aguardado primeiro trabalho de longa duração, ‘Orion’ de 2016 (review aqui) e mais recentemente o salivante EP ‘Repeater’ (review aqui) apresentado no início do presente ano. Até que hoje a fascinante banda norte-americana apresenta oficialmente o seu segundo álbum ‘Longing to be the Mountain’ pelo já carismático selo discográfico germânico Stickman Records nos formatos físicos de CD e vinil, e depois de ouvido e digerido pude reforçar o invejável estatuto que King Buffalo tem em mim. É numa harmoniosa coexistência entre o electrizante, vulcânico, xamânico e euforizante Heavy Psych, o inflamante, ostentoso, poderoso e dançante Heavy Blues e o viajante, hipnótico, lenitivo e envolvente Krautrock de propensão astral que a contemplativa e estarrecedora sonoridade de ‘Longing to be the Mountain’ se manifesta e nos atesta de uma perdurável e imperturbável ataraxia. São cerca de 40 minutos – distribuídos pelos 6 temas que o ocupam – saturados de um misterioso, mas deveras prazeroso halo que nos faroliza e eteriza ao longo de toda esta sublimada digressão pelos domínios estrelados deste deslumbrante álbum. Sintam-se escorregar e embalar num morfínico vórtice que vos desaguará num intenso estádio ardência e comoção à apaixonante boleia de uma guitarra endeusada que perscrutando o Cosmos se transcende em riffs magnetizantes, veneráveis e excitantes, e solos ostentosos, delirantes e venenosos, um murmurante baixo de ondulação pulsante, fluída, relaxada e hipnotizante, uma bateria deliciosamente groovy que tiquetaqueia com subtileza, sentimento e leveza, e uma messiânica voz lúcida e sem expressão que nos mantém consencientes neste sonho acordado. ‘Longing to be the Mountain’ conta ainda com um fabuloso, copioso e detalhado artwork – superiormente ilustrado pelo artista AdrianDexter – que nos confere uma visão fiel de toda esta extraordinária odisseia pela intimidade espacial. Este é um álbum divinal que nos absorve, comove e sacode sem qualquer inibição. Não é fácil aceitar a finitude desta jornada galáctica e despertarmos num silêncio inóspito e desconcertante. Deixem-se dissipar e arrebatar pela inspirada e renovada obra de King Buffalo e reverenciem com total entrega um dos registos mais sensacionais do ano.

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