O colectivo sueco Kungens Män continua a demonstrar inesgotáveis
e surpreendentes recursos criativos e acaba de avançar para o lançamento do seu
19º trabalho de longa duração em apenas cinco anos de actividade. Designado de ‘Fuzz
på svenska’ e promovido pelo selo discográfico germânico Adansonia Records nos formatos físicos
de CD (limitado a 500 cópias existentes) e vinil (este último repartido em duas edições
diferenciadas e ultra-limitadas), este álbum duplo do sexteto nórdico comporta um
envolvente, anestésico e suavizante Krautrock
de propensão astral em coligação com uma mística e exótica veia experimental de
onde sobressai uma hipnótica e exuberante vibe
jazzística. Perfumados e compenetrados pela sua deslumbrante e magnetizante sonoridade,
somos levados à mais profunda intimidade do espaço sideral onde as mais idosas estrelas
se deixam soterrar pelo negrume que repleta a vacuidade cósmica. ‘Fuzz
på svenska’ simboliza uma extraordinária odisseia que nos resvala pelas
costuras do universo e desagrega a alma pela imensidão espacial. Deixem-se
dormitar à relaxante boleia de duas guitarras contemplativas, um baixo
murmurante, uma bateria criativa e um sintetizador deambulante, e agitem-se de
olhar selado e sorriso talhado na instintiva resposta aos vivificantes,
bizarros e berrantes bailados de um saxofone carnavalesco que absorve grande
parte do protagonismo. Esta nova digressão espiritual levada a cabo pelos
astronautas Kungens Män pendula
entre paisagens sonoras tricotadas a meditação, misticismo e mansidão que nos massajam,
insensibilizam e narcotizam, e fervilhantes passagens saturadas pelo inflamante
efeito fuzz e uma bizarra e
alienígena atmosfera noisy que nos
revolvem e incendeiam. São cerca de 82 minutos de uma admirável e aliciante expedição
aos confins da nossa espiritualidade. Mergulhem no vosso Cosmos interior atrelados
a este fabuloso ‘Fuzz på svenska’ e embalem numa doce e penetrante narcose que
vos afagará e canalizará aos braços do transe.
Não será nada fácil regressar das funduras deste sonho acordado e recuperar a
lucidez que nos fora subtraída ao longo de todo o álbum. Um dos registos mais transcendentes
de 2018 está aqui, na expansiva, magnetizante e lenitiva essência do renovado
capítulo – de âncora recolhida e velas hasteadas – pelos lisérgicos e edénicos oceanos de Kungens Män.
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