O poderoso quarteto
norte-americano Windhand prepara-se
para lançar já no próximo dia 5 de Outubro (sexta-feira) o seu novo álbum designado
de ‘Eternal
Return’ e promovido pela mão da afamada editora discográfica Relapse Records sob a forma física de
CD e vinil. Esta encantadora formação sediada na cidade de Richmond (Virginia, EUA) continua a fazer do lado mais
nebuloso, psicotrópico e umbroso do Doom
Metal a sua estrela orientadora, e este seu quarto álbum de estúdio ilustra
condignamente essa tendência que a acompanha desde o homónimo álbum de estreia
nascido na já distante Primavera de 2012. Envergando um lamacento, carregado, massivo
e corpulento Psych Doom que se
arrasta e alastra pesada e lentamente pelas fumarentas, melancólicas e
pardacentas trevas de uma dantesca e desoladora paisagem apodrecida pelo Outono,
a enigmática sonoridade de ‘Eternal Return’ tem o dom de nos soterrar
num profundo, morfínico e misantrópico estádio mental de onde não conseguimos –
e tampouco queremos – sair. Numa densa e tenebrosa atmosfera onde somos abraçados
e sufocados pelo espesso e tirânico negrume – motivado e intensificado por uma
guitarra luciférica que se agiganta em volumosos, profanos, intrigantes e ostentosos riffs, e dissipa em solos borbulhantes, distorcidos,
venenosos, viscerais e ecoantes, um portentoso baixo de linhas pulsantes, pesadas,
sísmicas e angustiantes, e uma potente e trovejante bateria de ofensivas retumbantes,
pausadas, arrojadas e magnetizantes – somos convidados a segurar firmemente a esperançosa, afável e luminosa mão de Dorthia Cottrell
que com a sua voz espectral, translúcida, cristalina e melódica faroliza a
nossa alma que até então se encontrava perdida e à deriva neste ritualístico e brumado universo de Windhand. São mais de 60 minutos de uma cerimoniosa disputa entre a luz e as trevas, o sagrado e o herético. É-me ainda imperativo distender o elogio ao magistral artwork – soberbamente arquitetado e
ilustrado pelo diferenciado artista norte-americano Arik Roper – que confere uma desarmante misticidade visual à etérea
musicalidade neste álbum abrigada. Envolvam-se detidamente na ambiência
enfeitiçada de ‘Eternal Return’ e deixem-se seduzir e conduzir pelas suas hipnóticas e fantasmagóricas narrativas que provocam no ouvinte uma imperturbável sensação de
bem-estar e uma dormência impossível de acordar. Um dos meus álbuns favoritos
de 2018 está aqui, na esotérica e tentadora essência de ‘Eternal Return’.
Convertam-se em seus devotos apóstolos e comunguem a escura radiância de uma
das bandas que mais anseio poder presenciar ao vivo.
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