Depois de um longo jejum de
cinco anos distantes dos estúdios de gravação, os norte-americanos Cave estão finalmente de regresso com o
tão aguardado lançamento do seu novo álbum designado de ‘Allways’ e promovido via
Drag City nos formatos físicos de CD,
vinil e cassete. Este colectivo natural da cidade de Chicago (Illinois, EUA) caracteriza-se e enfatiza-se pela
sua sonoridade soberbamente hipnótica de onde sobressai um repetitivo, ritmado,
envolvente e imersivo Krautrock em harmoniosa
coligação com um deslumbrante, sonhador e provocante Psych Rock com discretos laivos electrónicos, e este ‘Allways’
vem cimentar e amadurecer essa receita sonora já posta em prática desde a sua
formação. Ao primeiro contacto com este novo capítulo da maravilhosa odisseia de
Cave, o ouvinte sente-se impelido a petrificar o olhar, curvar a linha labial no sentido do sorriso, e a dançar
de forma totalmente compenetrada, submissa e apaixonada toda esta profunda e fascinante
hipnose sublimemente tricotada e orientada pela banda. Deixem-se transcender,
adormecer e extasiar massajados por uma guitarra detidamente entregue a acordes
agradáveis, descomplicados e afáveis que se replicam pela infinidade adentro, e
fugazes mas atordoantes solos de natureza delirante, redentora e magnetizante, um
baixo Groovy & Funky desenhado e conduzido a linhas ondulantes,
robustas, tornadas e pulsantes, uma percussão tribalista de toque estimulante, polido e cintilante,
raros coros vocais de índole celestial, e ainda um sintetizador de idioma onírico
que borrifa toda a mágica atmosfera deste álbum com a sua edénica fragância. Este
‘Allways’
tem o dom de nos prender, enlevar e perpetuar na sua admirável e fluída narrativa
estelar. São cerca de 38 minutos de constante hipnose que nos alicia, relaxa e
canaliza até aos longínquos domínios do transe espiritual. Depois de integralmente
comungado e de audições renovadas, digo sem a mais pequena reserva de que ‘Allways’
se trata do meu álbum favorito de Cave.
Tudo nele irradia e transpira uma resplandecente aura temperada a beatitude, plenitude
e jubilação que me banhara e narcotizara do primeiro ao derradeiro tema. Percam-se
na sua doce e divina utopia, e vivenciem um dos vossos mais paradisíacos sonhos
acordados.
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