Da cidade espanhola de Saragoça chega-nos a inebriante fragância
tingida a revivalismo de White Coven
com o seu adorável álbum de estreia ‘Overseas’. Oficialmente lançado na
segunda metade do passado mês de Outubro em formato digital e sob a forma
física de uma bonita edição em CD – promovida pelo selo discográfico espanhol Surnia Records, plantado na cidade sulista
e costeira de Alicante – este belo disco ostenta um requintado, sublime,
majestoso e superiormente orquestrado Classic
Rock de essência setentista em harmoniosa
e copiosa comunhão com um fascinante, erótico, aromático e dançante Prog Rock de aparência vintage, e ainda um mélico, agradável,
cativante e carismático Blues Rock entoado
na forma de balada. ‘Overseas’ tem o dom de resgatar aos dourados anos 60 e 70 todo
o seu gracioso, boémio e radioso misticismo e espelhar esse mesmo estado de
espírito na sua sonoridade. São cerca de 50 minutos ensolarados, temperados e
extasiados por uma edénica e epopeica majestosidade que nos banha de luz, seduz
e conduz por toda esta poderosa e fabulosa narrativa. Sintam uma crescente
agitação marear a vossa emoção, e a vossa alma entregue a um constante estádio
de deslumbramento e salivação ao som brilhantemente conjugado entre três
guitarras primorosas que se enfatizam em elegantes, principescos e envolventes acordes,
e transcendentes, estonteantes e vistosos solos de desarmante beleza, um baixo
diligente de reverberação robusta, carregada e fluída, uma bateria jazzística locomovida a um toque
cintilante, polido, acrobático e provocante, um teclado de bailados extravagantes,
deslumbrantes e agitados, e uma voz corpulenta, doce e liderante – portadora de
uma classe inegável, uma amplitude extraordinária e uma ternura venerável – que
intensifica toda a primazia, beleza e encanto destilados pelo ‘Overseas’.
É-me ainda imperativo destacar e elogiar o esplêndido e notável artwork que com a sua singular formosura
de índole mitológica traduzira com plena precisão para o campo visual tudo
aquilo que a romanesca musicalidade de White
Coven nos segreda e constrói no nosso imaginário. Este é um álbum nutrido e
conduzido a volúpia e capricho, e que certamente namorará e conquistará todo
aquele que nele se ancorar. Uma das mais distintas surpresas musicais do ano
está aqui, na consumada nobreza de ‘Overseas’. Velejem-no com inteira
entrega e paixão.
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