Do centro da Suíça (mais concretamente de Schwytz) chega-nos uma das mais
agradáveis surpresas musicais do ano. Refiro-me ao maravilhoso álbum de estreia
‘Submerge’
do jovem quarteto Son Cesano. Oficialmente
lançado no início do presente mês de Dezembro sob a forma física de CD e vinil
(ambos reduzidos a uma prensagem ultra-limitada a 500 e 250 cópias existentes)
numa edição autoral, este muito promissor primeiro trabalho da banda helvética fundamenta-se
num gracioso, edénico, deslumbrante e majestoso Psych Rock de clima veraneio que se enfatiza, desenvolve e revolve
num vigoroso, enérgico, sidérico e poderoso Heavy Psych de aragem estelar. Tal como o seu título sugere, ‘Submerge’
tem o dom de nos mergulhar num ataráxico estádio mental onde a nossa alma se bronzeia,
eteriza e deleita do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade de propensão
cinematográfica – tricotada a delicadeza, emoção, devoção e beleza – viaja-nos
ao longo de uma admirável narrativa sensorial e espiritual de onde é impossível
– e tampouco desejado – escapar. São cerca de 52 minutos envolvidos, nutridos e
aureolados por uma sublimidade embriagante que nos namora e levita aos sagrados
domínios do transe. Deixem-se embevecer de prazer ao fascinante som de duas
guitarras viajantes que dialogam em atraentes, esplêndidos e desarmantes
acordes, e em solos verdadeiramente sonhadores, magistrais e arrebatadores, um hipnótico
baixo de reverberante ondulação que se propaga com base em linhas desenhadas a
robustez, sensualidade e fluidez, e uma bateria diligente que tiquetaqueia com
sentimento, desembaraço e ardência toda esta magnânima ode epicurista. ‘Submerge’
é um álbum imensamente apaixonante que nos tomba as pálpebras, pacifica,
eteriza e glorifica a espiritualidade. Um irresistível disco regado a capricho,
harmonia e misticismo que certamente tocará a alma de quem nele se refugiar. Son Cesano podem muito bem orgulhar-se
deste seu espantoso registo de estreia que me deixara não só a salivar, como a
desesperar por um novo álbum que dê continuidade à espirituosa e caprichosa
odisseia que ‘Submerge’ encerra. Um disco para escutar de forma detida e consequentemente
divagar de forma descomprometida pelas profundezas do Cosmos interior.
Sem comentários:
Enviar um comentário