Este início de 2019 está a
ser muito prolífico para as bandas espanholas, e por isso terei de prolongar a
minha estadia – no que a matéria de reviews
diz respeito – no país vizinho. Do município de Antequera (Málaga, Andaluzia) chega-nos o álbum de estreia
do recém-formado trio Plastic Woods denominado
‘Icarus’.
Lançado no passado dia 18 de Janeiro pela editora discográfica espanhola Surnia Records sob a forma física de
CD, este fabuloso álbum de natureza conceptual prende um envolvente, harmonioso
e fascinante sortido de sonoridades que nos cativa do primeiro ao último
minuto. Superiormente orientado por um inventivo, complexo e altivo Prog Rock de veia jazzística e experimental, que se balanceia entre um contemplativo,
quente, deslumbrante e lenitivo Psych
Rock de aroma primaveril e um poderoso, obscuro e nebuloso Psych Doom de reverberação massiva,
este primeiro registo dos jovens Plastic
Woods demonstra e ostenta uma admirável maturidade capaz de convencer e apaixonar
o mais exigente dos ouvintes. A sua musicalidade passeia-se livre e
elegantemente por atmosferas marcadamente contrastantes, numa viagem evolutiva
que alterna entre paisagens sonoras tingidas a uma estarrecedora placidez e
outras incendiadas por uma vibrante efusividade. É esta rotatividade de climas
que faz de ‘Icarus’ um extraordinário álbum de natureza imersiva, onde
mergulhamos e nas suas profundezas nos atordoamos e sublimamos. Sintam-se
transcender e embevecer ao extasiante som de uma guitarra fenomenal que se
consolida em vistosos, monolíticos, pesados e oleosos riffs e se fragmenta em prodigiosos solos de desarmante beleza e
destreza, um baixo de ressonância modorrenta que se conduz a linhas possantes,
arrastadas e torneadas, uma bateria de toque cintilante, polido, delicado e
estimulante que se aventura em criativas e aliciantes acrobacias, e uma liderante
voz de feições bipolares que tanto surge branda, melódica e suave como
colérica, aguerrida e cáustica. De destacar – ainda que num contexto secundário
– a presença de uma flauta transversal que com os seus eróticos e compenetrados
bailados confere toda uma misticidade extra a esta inspirada e caprichada obra
de Plastic Woods. Recostem-se
confortavelmente, respirem calma e profundamente, tombem as pálpebras, eclipsem
o olhar, e deixem-se induzir pela intensa maviosidade irradiada por ‘Icarus’.
Este é um álbum majestoso e cerimonioso – detentor de uma aura sagrada – que prontamente
me convertera em seu devoto seguidor. Comunguem a consagrada música de Plastic Woods e convertam-se vocês
também.
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