quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Review: ⚡ Plastic Woods - ‘Icarus’ (2019) ⚡

Este início de 2019 está a ser muito prolífico para as bandas espanholas, e por isso terei de prolongar a minha estadia – no que a matéria de reviews diz respeito – no país vizinho. Do município de Antequera (Málaga, Andaluzia) chega-nos o álbum de estreia do recém-formado trio Plastic Woods denominado ‘Icarus’. Lançado no passado dia 18 de Janeiro pela editora discográfica espanhola Surnia Records sob a forma física de CD, este fabuloso álbum de natureza conceptual prende um envolvente, harmonioso e fascinante sortido de sonoridades que nos cativa do primeiro ao último minuto. Superiormente orientado por um inventivo, complexo e altivo Prog Rock de veia jazzística e experimental, que se balanceia entre um contemplativo, quente, deslumbrante e lenitivo Psych Rock de aroma primaveril e um poderoso, obscuro e nebuloso Psych Doom de reverberação massiva, este primeiro registo dos jovens Plastic Woods demonstra e ostenta uma admirável maturidade capaz de convencer e apaixonar o mais exigente dos ouvintes. A sua musicalidade passeia-se livre e elegantemente por atmosferas marcadamente contrastantes, numa viagem evolutiva que alterna entre paisagens sonoras tingidas a uma estarrecedora placidez e outras incendiadas por uma vibrante efusividade. É esta rotatividade de climas que faz de ‘Icarus’ um extraordinário álbum de natureza imersiva, onde mergulhamos e nas suas profundezas nos atordoamos e sublimamos. Sintam-se transcender e embevecer ao extasiante som de uma guitarra fenomenal que se consolida em vistosos, monolíticos, pesados e oleosos riffs e se fragmenta em prodigiosos solos de desarmante beleza e destreza, um baixo de ressonância modorrenta que se conduz a linhas possantes, arrastadas e torneadas, uma bateria de toque cintilante, polido, delicado e estimulante que se aventura em criativas e aliciantes acrobacias, e uma liderante voz de feições bipolares que tanto surge branda, melódica e suave como colérica, aguerrida e cáustica. De destacar – ainda que num contexto secundário – a presença de uma flauta transversal que com os seus eróticos e compenetrados bailados confere toda uma misticidade extra a esta inspirada e caprichada obra de Plastic Woods. Recostem-se confortavelmente, respirem calma e profundamente, tombem as pálpebras, eclipsem o olhar, e deixem-se induzir pela intensa maviosidade irradiada por ‘Icarus’. Este é um álbum majestoso e cerimonioso – detentor de uma aura sagrada – que prontamente me convertera em seu devoto seguidor. Comunguem a consagrada música de Plastic Woods e convertam-se vocês também.

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