É consumido por um misto de
emoções contrastadas que componho esta análise ao novo EP dos norte-americanos Cloud Catcher. Se por um lado, foi com
grande entusiasmo que vivenciei esta nova galopada à boa moda deste electrizante
power-trio natural da cidade de Denver (Colorado), é também com alguma tristeza que ainda assimilo a fresca
decisão da banda em cessar actividade. ‘The Whip’ representa, portanto, a
última chicotada discográfica no tirânico, vulcânico e eufórico Heavy Metal de Cloud Catcher que tanto me inflama e empolga. Lançado hoje mesmo através
do seu Bandcamp oficial e numa edição
autoral em formato digital (com a promessa de disponibilizarem também o EP em
formato de CD durante o dia de amanhã), este novo registo de curta duração desprende
na direcção do ouvinte toda uma selvática, vigorosa, dinâmica e implacável cavalaria
pesada que o atropela e agride, deixando-o com as vestes da lucidez totalmente esfarrapadas
e de alma atestada e afogueada de pura adrenalina. Com a bandeira do tradicional
Heavy Metal firmemente empunhada e
hasteada, este exército composto por três homens arranca numa enérgica, furiosa,
rumorosa e monolítica avalanche montada por uma extraordinária guitarra que
tanto se encolhe e encrespa na condução de majestosos, provocantes, intrigantes
e imperiosos riffs, como se
transcende e endoidece em desvairados, caóticos, eruptivos e alucinados solos,
um baixo reverberante de linhas possantes, espessas, tensas e magnetizantes,
uma bateria polvorosa de desenfreada, atiçada e revoltosa galopada a trote ofegante, e ainda uma
voz irada, melódica, felina e escarpada que capitaneia e esporeia ‘The
Whip’ do primeiro ao derradeiro tema. São 22 minutos completamente saturados
por uma intensa efervescência – de consumo impróprio para cardíacos – que nos
desperta, inquieta e explode num insuportável frenesim. Agarrem como puderem as rédeas deste
vertiginoso sprint e vivenciem toda a
impetuosa eclosão de um dos registos mais turbulentos do ano. É esta a forma marcante e emocionante dos Cloud Catcher se despedirem e agradecerem
aos seus discípulos pelos poucos, mas abonados anos de fidelidade. Não será
fácil superar a ausência deste aparatoso e vultoso tridente ofensivo que me sacudira
e excitara como poucas bandas conseguem fazê-lo.
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