Os noruegueses The Devil and the Almighty Blues são
hoje uma das bandas mais aclamadas do circuito underground da música Rock.
Esse mediatismo inteiramente justificado e meritório é motivado pela sua ainda verde
discografia, mas que encerra uma sonoridade bastante madura, incapaz de deixar os seus ouvintes de boca seca e recostados à indiferença. Com dois álbuns editados em
2015 e 2017, esta venerável formação nórdica – natural da cidade-capital de Oslo – acaba de lançar hoje mesmo o seu
novo e terceiro trabalho de longa duração intitulado de ‘TRE’, promovido pelo
selo discográfico norueguês Blues for
the Red Sun (com o qual a banda reforça o seu vínculo editorial) e
distribuído pela Stickman Records nos
formatos físicos de CD e vinil. Tal como acontece com os seus antecessores, a
alma de ‘TRE’ prende um luciférico, lamacento, arrastado e mélico Heavy Blues fervido em efeito Fuzz que nos seduz, empolga e conduz do
primeiro ao derradeiro tema. São 48 minutos climatizados e governados por uma intrigante,
obscura, nebulosa e elegante musicalidade que nos absorve, enfeitiça e comove sem
a mais pequena réstia de inibição. De corpo e alma integralmente cedidos à tirânica
e melódica obscuridade de The Devil and
the Almighty Blues, somos cativados e maravilhados por duas endeusadas guitarras
de identidades aparentadas que se manifestam em majestosos, influentes,
ardentes e vistosos Riffs de onde
florescem primorosos, detalhados, sublimados e luxuosos solos, um imperioso baixo
detidamente entregue a linhas vincadas, robustas, fluídas e sombreadas, uma elegante
bateria locomovida a um toque refinado, preciso, altivo e cuidado, e ainda uma
voz fragosa, urticante e melodiosa que conjuga na perfeição com a meticulosa e aristocrática
sumptuosidade instrumental. ‘TRE’ é um álbum verdadeiramente expressivo,
persuasivo e apaixonante que prontamente nos hipnotiza e nebuliza por entre a
sua doce primazia sonora. Este é indubitavelmente o meu registo favorito deste
quinteto nórdico que faz do lado mais demoníaco, eclipsado e ritualístico do Blues o seu emblema. Deixem-se embevecer
pela irresistível tentação de The Devil
and the Almighty Blues e reverenciar um dos mais egrégios e triunfantes
discos lançados até à data em 2019. Não poderia finalizar esta dissertação
textual sem exteriorizar a ainda fervorosa satisfação sentida esta manhã ao ter
conhecimento de que estes vikings da era moderna acabam de ser confirmados e acrescentados
no explosivo line-up do distinto festival
português SonicBlast Moledo. Mal
posso esperar, portanto, por poder comungar ao vivo toda esta glamorosa e
umbrosa radiação superiormente nutrida e difundida pelos The Devil and the Almighty Blues num belo dia de verão temperado a calor
e a maresia.
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