sexta-feira, 29 de março de 2019

Review: ⚡ The Devil and the Almighty Blues - 'TRE‘ (2019) ⚡

Os noruegueses The Devil and the Almighty Blues são hoje uma das bandas mais aclamadas do circuito underground da música Rock. Esse mediatismo inteiramente justificado e meritório é motivado pela sua ainda verde discografia, mas que encerra uma sonoridade bastante madura, incapaz de deixar os seus ouvintes de boca seca e recostados à indiferença. Com dois álbuns editados em 2015 e 2017, esta venerável formação nórdica – natural da cidade-capital de Oslo – acaba de lançar hoje mesmo o seu novo e terceiro trabalho de longa duração intitulado de ‘TRE’, promovido pelo selo discográfico norueguês Blues for the Red Sun (com o qual a banda reforça o seu vínculo editorial) e distribuído pela Stickman Records nos formatos físicos de CD e vinil. Tal como acontece com os seus antecessores, a alma de ‘TRE’ prende um luciférico, lamacento, arrastado e mélico Heavy Blues fervido em efeito Fuzz que nos seduz, empolga e conduz do primeiro ao derradeiro tema. São 48 minutos climatizados e governados por uma intrigante, obscura, nebulosa e elegante musicalidade que nos absorve, enfeitiça e comove sem a mais pequena réstia de inibição. De corpo e alma integralmente cedidos à tirânica e melódica obscuridade de The Devil and the Almighty Blues, somos cativados e maravilhados por duas endeusadas guitarras de identidades aparentadas que se manifestam em majestosos, influentes, ardentes e vistosos Riffs de onde florescem primorosos, detalhados, sublimados e luxuosos solos, um imperioso baixo detidamente entregue a linhas vincadas, robustas, fluídas e sombreadas, uma elegante bateria locomovida a um toque refinado, preciso, altivo e cuidado, e ainda uma voz fragosa, urticante e melodiosa que conjuga na perfeição com a meticulosa e aristocrática sumptuosidade instrumental. ‘TRE’ é um álbum verdadeiramente expressivo, persuasivo e apaixonante que prontamente nos hipnotiza e nebuliza por entre a sua doce primazia sonora. Este é indubitavelmente o meu registo favorito deste quinteto nórdico que faz do lado mais demoníaco, eclipsado e ritualístico do Blues o seu emblema. Deixem-se embevecer pela irresistível tentação de The Devil and the Almighty Blues e reverenciar um dos mais egrégios e triunfantes discos lançados até à data em 2019. Não poderia finalizar esta dissertação textual sem exteriorizar a ainda fervorosa satisfação sentida esta manhã ao ter conhecimento de que estes vikings da era moderna acabam de ser confirmados e acrescentados no explosivo line-up do distinto festival português SonicBlast Moledo. Mal posso esperar, portanto, por poder comungar ao vivo toda esta glamorosa e umbrosa radiação superiormente nutrida e difundida pelos The Devil and the Almighty Blues num belo dia de verão temperado a calor e a maresia.


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